O fenômeno necessita de atenção da sociedade, principalmente pós pandemia quando a utilização de telas aumentou devido o isolamento social. Atualmente com a modificação da forma de utilização das mídias digitais celulares, tablets e outros dispositivos que cabem na palma da mão, modificaram nossa forma de comunicação e de existência no mundo. Na falta desses dispositivos podemos inclusive desenvolver uma condição chamada no-mobile, onde a pessoa possui crises de ansiedade frente a falta do dispositivo sendo necessário que se busque imediatamente o aparelho para que se tenha a redução do sofrimento. Hoje vamos tratar dos problemas descrito na literatura sobre o excesso de uso ao longo do tempo, que atualmente se tornou um comportamento social.
O tempo de tela é entendido como o tempo total pelo qual a criança faz uso das telas. O tempo de uso superior ao tempo recomendado que de acordo com a American Academy of Pediatrics (AAP), seria por volta de duas horas por dia. Além disso, o conteúdo deve ser criteriosamente escolhido pelos pais, visto que a internet possui muitos conteúdos não educativo e que não estão adequado a faixa etária. O aumento de tela aumentou na sociedade visto que os diversos ambientes atualmente expõe as crianças a multitelas, com muita informação e estímulos. Assim o tempo de exposição à tela é considerado um fator de risco para a saúde da criança.
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O uso de telas pode gerar vulnerabilidades para algumas doenças, tais como: obesidade infantil, hipertensão, ansiedade, depressão, bem como diminuição das relações sociais e afetivas, tão importantes para a criança e adolescente. O tempo de exposição também facilita o uso de conteúdos impróprios e hoje já se associa a atrasos nos domínios da linguagem e desenvolvimento motor fino. As crianças do mundo contemporâneo são considerados nativos digitais e ficam imersos nessa condição cada vez mais cedo. Sabemos que os avanços tecnológicos são favoráveis a humanidade quando utilizados de forma correta. A forma de viver e se comunicar se condicionou ao uso da tecnologia que tem no recurso visual e auditivo, presentes nas telas um atrativo para as crianças e adolescentes. Mas atualmente até os adultos estão imerso nessa cultura.
Principais problemas que a criança e o adolescente podem ter pelo excesso do uso de telas:
- Alterações no comportamento alimentar;
- Distúrbios alimentares com Ganho ou perda de peso;
- Sedentarismo e diminuição de prática de atividades físicas importantes para o desenvolvimento;
- Distúrbios do sono;
- Dificuldades de interação social e familiar;
- Diminuição do rendimento escolar;
- Dificuldade de aprendizagem;
- Diminuição da auto estima;
- Ansiedade, depressão e agressividade;
- Alteração severa no comportamento.
- Dependência Digital e Uso Problemático das Mídias Interativas;
- Transtornos do déficit de atenção e hiperatividade;
- Bullying & cyberbullying;
- Riscos da sexualidade, nudez, sexting, extorsão, abuso sexual, estupro virtual;
- Aumento da violência, abusos e fatalidades;
- Problemas visuais diversos e síndrome visual do computador;
- Problemas auditivos, diminuição auditiva pelo uso de fones e alta frequência sonora;
- Transtornos posturais e musculoesqueléticos;
- Aumento do comportamento de automutilação e suicídio;
- Aumento do uso de álcool e outras drogas no adolescente.
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) já se pronunciou pedindo atenção dos profissionais de saúde para o problema. Informa que a sociedade precisa discutir a temática. Os riscos envolvem o desenvolvimento de transtornos psíquicos e problemas comportamentais, sendo abordado no novo CID-11 como dependência digital. A SBP cria um manual de orientações que vamos destacar para melhor compreensão:
- Evitar exposição a telas por crianças com menos de 2 anos mesmo que passivamente;
- Limitar o tempo de uso de tela em no máximo de 1 hora por dia para crianças entre 1 ano 5 anos de idade;
- Limitar o tempo de uso de tela em no máximo 2 horas por dia para crianças entre 6 e 10 anos de idade;
- Limitar o tempo de tela e jogos de videogame em no máximo três horas por dia com supervisão. Não sendo possível “virar a noite” jogando para adolescentes entre 11 e 18 anos;
- Para todas as idades não é recomendado o uso de telas durante as refeições e não utilizar antes de dormir, sendo necessário desconectar duas horas antes do sono;
- Oferecer atividades de utilização do corpo, podendo ser atividades esportivas ou recreativas, ao ar livre com contato direto com a natureza e outras crianças ou adolescentes;
- Crir regras saudáveis de utilização do uso do equipamento e conteúdos digitais, com uso de senhas e filtros apropriados para que o dispositivo tecnológico possa ser usado entre os membros da família;
- Ter cuidado com os desconhecidos que podem estar presentes na rede, visto que a violência, o assédio moral e sexual é comum pela internet além de conteúdo de violência, abusos, exploração sexual, nudez, pornografia ou produções inadequadas e danosas ao desenvolvimento cerebral e mental de crianças e adolescentes;
- Conhecer quem está jogando ou se relacionado com os adolescentes, pois é dever legal dos país ou responsáveis sua segurança.
Os estudos mostram que os jogos podem ser educativos, mas também podem gerar agressividade e intolerância da criança e do adolescente com outras pessoas, por isso devem ser melhor avaliado pelos responsáveis. Por isso devemos orientar os país e responsáveis sobre a alfabetização midiática e realizar a mediação parental para capacitar as famílias, escolas e comunidade sobre o uso ético e seguro da internet, levando a uma construção saudável do uso. As famílias devem observar as classificações indicativas.
Podemos enquanto profissionais orientar a criança, o adolescente e a família, mas antes de tudo é necessário acolher a todos e construir um projeto terapêutico singular voltado a subjetividade dos problemas. Dessa forma, o cuidado se faz de maneira mais humana e compreendendo o nível de saber sobre o assunto que a família possui. É importante que o profissional oriente a família a não buscar medidas de violência na tentativa de evitar o uso, nos casos graves de dependência. Para isso, deve haver um projeto que envolvam os diversos atores que podem compor o processo terapêutico.