A gestação é um momento de inúmeras modificações na vida da mulher. Cada fase da gestação a mulher possui preocupações diferentes e também relações positivas e negativas frente ao desenvolvimento. As mudanças físicas são visíveis e complexas, assim como as hormonais, mas as psíquicas nem sempre são valorizadas. Hoje, já se busca além dos cuidados a saúde física da gestante, também relacionar os cuidados emocionais e psíquicos que podem proporcionar melhor condição de saúde para mãe e bebê. Os enfermeiros são fundamentais nesse processo e devem estar sempre atentos aos sinais de depressão da saúde mental. Outra questão relevante é que durante a pandemia, as incertezas de informação levaram temor aos pais.
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Acompanhamento
O acompanhamento na consulta de enfermagem pode representar a necessária evolução na compreensão da saúde da gestante e um local para identificação de um problema que vem aumentando durante a pandemia, a ansiedade perinatal. Sabemos que a ansiedade é uma resposta a uma ameaça desconhecida, vaga ou de origem conflituosa. Mas afinal, todos nós temos ansiedade. No entanto, em situações como na pandemia, onde a incerteza assolou os lares, é importante que haja melhores cuidados com a saúde mental das gestantes, que passam por uma fase onde requerem maior atenção dos profissionais da saúde. Basicamente, no contexto da maternidade, a ansiedade pode ocorrer em diversas situações. Estudos mostram que a maternidade pode gerar sentimentos ambivalentes. As gestantes sentem-se felizes por seus bebês e também extenuadas e ansiosas.
A falta de companhia e apoio dos companheiros(as) pode ser um fator gerador de problemas para as mães, durante a gravidez e logo nos primeiros dias e meses do bebê. Especialmente na gravidez o apoio familiar e os suporte dos profissionais de saúde, pode contribuir para redução dos níveis de ansiedade das gestantes. O pré-natal deve ser espaço de cuidado da gestante de forma integral. Em grupos ou na consulta temos a oportunidade de trabalhar a ansiedade das gestante que pode estar passando por problemas que gere angústia e ansiedade. Como por exemplo, gestações indesejáveis ou problemas econômicos ou incerteza de apoio familiar, que são problemas mais comuns nos três primeiros meses. Nos três últimos meses mulheres costumam sofrer mais com a ansiedade frente as preocupações relacionadas ao parto e ao nascimento.
Consequências
Quando a ansiedade materna é excessiva pode alterar o curso da gestação e gerar complicações como a pré-eclâmpsia. A condição pode provocar parto prematuro. Quando a ansiedade encontra-se aumentada na gestante, pode o enfermeiro realizar algumas intervenções como medidas preventivas
- Utilização de ioga durante o pré-natal;
- Técnicas de relaxamento e respiração;
- Utilização de diversas terapias naturais, como auriculoterapia;
- Atividades físicas sob a orientação com equipe multiprofissional;
- Orientar que a gestante tenha bom sono;
- Orientar a gestante a apenas receber orientações de profissionais de saúde, cuidando para não receber informações falsas da internet;
- Inserir a gestante em grupo de troca de experiências e vivências;
- realizar consultas envolvendo a família, orientando a todos sobre medidas de redução de ansiedade;
- Tirar dúvidas sobre o cuidado com bebê e com a amamentação;
- Sanar todas as dúvidas sobre vacinação, inclusive aquelas relacionadas a vacina da Covid-19;
- Orientar sobre os mitos e verdades da relação da gestação frente ao vírus SarsCov-2;
- Utilização do método Ganguru com bebês prematuros;
- Continuar realizando a consulta e verificando se há presença de ansiedade pós parto e ainda orientar quanto aos cuidados com o bebê;
- Em caso de progressão do quadro realizar trabalho interprofissional junto ao NASF.
Estudos concluem ainda que a ansiedade gestacional oferece consequências negativas para o crescimento e desenvolvimento infantil, além de estar ligado a um menor tempo de aleitamento infantil. Além disso, gera diminuição da qualidade de vida das mulheres gestantes e devem ser objeto de cuidado.
Referências bibliográficas:
- Lopes RS, et al. O período gestacional e transtornos mentais: evidências epidemiológicas. Humanidades & tecnologia em revista (finom). 2019;19:pp 35-54.
- Schiavo RA, Brancaglion MYM. Instrumento de rastreio para sintomas de ansiedade gestacional – IRSAG. Brazilian Journal of Health Review. 2021; 4(4):16885-16904.
- Silva HL, et al. Efeitos da auriculoterapia na ansiedade de gestantes no pré-natal de baixo risco. Acta Paulista de Enfermagem. 2020;33:eAPE20190016. doi:10.37689/acta-ape/2020AO0016.