Experiências e percepções femininas de ansiedade e estresse durante o período perinatal

Uma metanálise com revisão sistemática avaliou 13 estudos com cinco temas causadores de estresse e ansiedade perinatal.

O período perinatal envolve desde o término da gravidez até o primeiro ano após o parto. É um período que sucede mudanças orgânicas e psicológicas no corpo e na vida das mulheres. Envolve a geração de ansiedade e estresse em níveis variados. Tanto mais dificuldades materiais, suporte social precário, responsabilidades com trabalho e família e complicações com a própria gravidez são fatores geradores desse estresse e ansiedade. Ao redor de 84% das mulheres apresentam algum nível de estresse nesse período, culminando em 17% delas apresentando diagnósticos de síndromes ansiosas. A literatura médica traz relações desse aumento de estresse com pré-eclampsia, abortos, baixo peso ao nascer e trabalho de parto prematuro.  

Ainda existem relatos de associação do aumento do nível de estresse/ansiedade com consumo de álcool, drogas lícitas e ilícitas. O prejuízo durante o período de aleitamento materno também é patente.

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Consequências

Os efeitos adversos neonatais incluem riscos na saúde cardiovascular futura, além de atrasos no desenvolvimento neuropsicomotor e obesidade infantil.

Assim, torna-se importante dentro da abrangência de saúde de um pré-natal a identificação dos fatores de risco para esses eventos e tomarmos medidas a contê-los. Se não puderem ser contidos, pelo menos abreviação e prevenção de complicações durante ou após o nascimento podem ser eficazes.

Estudo

Um trabalho recente no BMC Pregnancy and Childbirth realizou uma metanálise com revisão sistemática avaliando 13 estudos (após seleção de 20318 estudos) com cinco temas causadores de estresse: 

  • Suporte social: avaliou papel de um serviço social no suporte preventivo de ansiedade e estresse na gestação e puerpério até um ano.  
  • Experiência da mulher com serviço de saúde: como o serviço de saúde pode ser fator estressor ou protetor na ansiedade e estresse no mesmo período. 
  • Fatores que impactam o enfrentamento: analisou alguns dos fatores que podem facilitar ou dificultar o enfrentamento das mulheres durante a gravidez e o período pós-parto.
  • Normas e expectativas sociais: analisou as pressões sociais sofridas pela mulher enquanto gatilhos para estresse e ansiedade.  
  • Condições de saúde da mulher e seu bebê: este tema explorou a experiência das mulheres em relação à própria saúde e seus problemas e o estado de saúde de seus nascituros ou bebês recém-nascidos. 

Normas e expectativas sociais irreais, apoio social, experiências de atendimento em  saúde precárias e preocupações sobre saúde foram identificados como experiências que causaram influência na criação de  ansiedade perinatal e estresse. 

A construção do papel da maternidade, suas responsabilidades e mudanças orgânicas, biológicas e psíquicas representaram uma verdadeira tempestade na vida das mulheres. Os serviços de apoio ao pré-natal precisam de uma estrutura que seja focada em identificação de problemas reais e prevenção de condições futuras sabidas que são causadoras de ansiedade e estresse no período perinatal dessas mulheres.

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Considerações

Esta revisão destaca que as mulheres experimentam ansiedade perinatal e estresse devido ao suporte social inadequado, experiências de saúde precárias, regras sociais irreais e muitas expectativas, além de preocupações relacionadas com a saúde. Existe uma necessidade de maior enfoque na ansiedade e estresse perinatal na pesquisa e na prática. 

Referências bibliográficas:

  • McCarthy, M., Houghton, C. & Matvienko-Sikar, K. Women’s experiences and perceptions of anxiety and stress during the perinatal period: a systematic review and qualitative evidence synthesis. BMC Pregnancy Childbirth 21, 811 (2021). https://doi.org/10.1186/s12884-021-04271-w

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