Cerca de 15% das fraturas do escafoide não aparecem nas primeiras radiografias realizadas, sendo a ressonância magnética (RM) mais sensível, embora muito mais cara e de mais difícil disponibilidade. O manejo sem a RM consiste em imobilização e reavaliações seriadas resultando em aumento de exposição à radiação, perda de tempo em mais consultas e demora para retorno ao trabalho.
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Esse follow-up, quando mal coordenado pode resultar em incapacidade significativa. Diante disso, foi publicado no último mês na revista Bone and Joint Open um estudo com o objetivo de avaliar um novo modelo padronizado de acompanhamento desse tipo de fratura onde o paciente participa com autoavaliação.
O estudo
Os pacientes com suspeita de fratura de escafoide atendidos em um hospital britânico recebiam uma tala de pulso removível com instruções verbais e escritas para removê-lo duas semanas após a lesão, para autoavaliação. A persistência da dor era o guia do paciente para “aceitar” e se autoencaminhar para consulta com um médico na emergência.
Na confirmação de sinais contínuos de quadro clínico de lesão do escafoide, era solicitada uma ressonância magnética ambulatorial urgente, com instruções para manter a imobilização do punho. Pacientes com resultados de exame positivos eram encaminhados ao especialista.
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De fevereiro de 2018 a janeiro de 2019, houve 442 pacientes diagnosticados clinicamente como fratura de escafoide. Cento e vinte e dois pacientes (28%) foram encaminhados de volta ao pronto-socorro após duas semanas. Após revisão clínica, 53 pacientes receberam alta e a ressonância magnética foi agendada para 69 pacientes (16%).
No geral, seis pacientes (< 2% do total; 10% dos examinados) tiveram exames positivos para fratura de escafoide. Não houve fraturas não diagnosticadas, pseudoartrose ou consolidação viciosa resultantes deste protocolo. Os custos foram economizados ao evitar a revisão clínica presencial e a ressonância magnética.
Conclusão
No estudo, a abordagem de adesão focada no paciente foi segura e eficaz para gerenciar as suspeitas de fraturas ocultas do escafoide. É sempre importante lembrar neste caso que o grau de escolaridade da população atendida nesse modelo é um fator primordial para o sucesso.
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