A campanha de vacinação contra a Covid-19 no Brasil se iniciou no dia 18 de janeiro de 2021. Desde então, observa-se um aumento na produção, na distribuição e na adesão da vacinação do país, com 143.925.485, 1ª dose, e 85.254.118, 2ª dose ou dose única, aplicadas.
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Dados epidemiológicos
Segundo a Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS), DATASUS, mais de 80% dos idosos acima de 65 anos já receberam as duas doses de vacina contra a Covid-19. É possível observar, também, que a vacinação reduziu a taxa de incidência e de óbitos da doença na população de 60 a 69 anos. Entretanto, evidências apontam que os idosos acima de 70 anos apresentaram aumento de incidência nas últimas semanas, o que pode ser considerado uma redução da proteção dos indivíduos nessa faixa etária.
É indispensável uma discussão sobre a vulnerabilidade dos idosos, mesmo após a vacinação contra Covid-19 com 2 duas doses. Nesse ínterim, no dia 28 de setembro de 2021, a Câmara Técnica em Imunização da Covid- 19 (CTAI COVID-19) reuniu-se com o CONASS e CONASEMS, junto às Sociedades Médicas e recomendaram a dose de reforço em a partir de 60 anos.
Nessa perspectiva, outros dois grupos que valem o destaque são: pessoas com imunocomprometimento e os profissionais de saúde. Os imunocomprometidos apresentam resposta imunológica diferente e frequentemente possuem esquemas vacinais diferenciados. Em paralelo a isso, os profissionais de saúde estão mais expostos ao contato com o vírus, tendo maior chance de contaminação.
Doses adicionais e doses de reforço
O esquema com três doses de vacina contra Covid-19 vem sendo estudado em diversos países pela sociedade científica. Até o presente momento, observa-se a ampliação da resposta imunológica na aplicação da terceira dose de vacina CoronaVac e AstraZeneca, sendo ainda maior a resposta ao se utilizar a vacina Pfizer para indivíduos que receberam 2 doses de vacina. Essa análise foi feita incluindo indivíduos imunocomprometidos, também com resultados positivos sobre a utilização de uma terceira dose.
Nesse sentido, a associação vacinal e a necessidade de uma terceira dose ou dose de reforço, para populações com maior risco de incidência ou de mortalidade, são vistas como positivas. No Brasil foi adotado:
- 1 dose de reforço para idosos acima de 60 anos, que tenham recebido a segunda dose (ou dose única) de vacina contra a Covid-19 há mais de 6 meses (independente do imunobiológico aplicado).
- 1 dose adicional (3ª dose) para pessoal imunocomprometidas, que tenham recebido a segunda dose de vacina contra a Covid-19 há mais de 28 dias.
- 1 dose de reforço para profissionais de saúde, que tenham recebido a segunda dose de vacina contra a Covid-19 há mais de 6 meses.
O imunizante escolhido para dose de reforço e adicional deve ser preferencialmente Pfizer, ou, caso não haja disponibilidade do imunizante, Astrazeneca ou Janssen.
Cabe destacar que são consideradas pessoas com alto grau de imunossupressão: imunodeficiência primária, pessoas em quimioterapia para tratamento de câncer, transplantados de órgão sólido ou células tronco hematopoiéticas, pessoas vivendo com HIV/AIDS, pessoas em uso de corticoides em doses ≥ 20 mg/dia por mais de 14 dias, pessoas em uso de drogas modificadoras de resposta imune, paciente em hemodiálise, pacientes com doenças imunomediadas inflamatórias crônicas, autoinflamatórias e doenças intestinais inflamatórias.
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Considerações e expectativas
Ainda que o Brasil e outros países tenham aprovado a realização de novas doses, não existe comprovação da eficácia e da efetividade das doses de reforço ou adicional e não é possível avaliar os efeitos adversos de uma nova aplicação de vacina. Frente a essa realidade, não há consenso entre a sociedade científica sobre a utilização de novas doses.
Alguns pesquisadores, inclusive, destacam preocupação quanto a realização de novas doses, enquanto alguns indivíduos e países não receberam ainda a primeira dose de vacina contra a Covid-19. Nesse contexto a preocupação é de utilização de doses para indivíduos já vacinados, enquanto uma percentagem da população ainda encontra-se exposta ao vírus e sem nenhuma resposta imunológica.
Apesar disso, o Ministério da Saúde junto a CTAI COVID-19 considera necessário para o país a aplicação das doses adicionais e objetiva redução de óbitos aos grupos selecionados.
Ademais, considerando a epidemia no país e o avanço da vacinação pode-se avaliar a possibilidade de aplicação da doses de reforço em demais grupos. No entanto, está aprovado a vacinação de reforço apenas para idosos acima de 60 anos, profissionais e saúde e a terceira dose para imunocomprometidos que se enquadrem em alto grau de imunossupressão.
Referências bibliográficas:
- Ministério da Saúde (BR). Nota Técnica nº 48/2021-SECOVID/GAB/SECOVID/MS. Trata-se da administração de Dose de Reforço de vacinas contra a covid-19 na população a partir de 60 anos, em complementação à Nota Técnica nº 43/2021-SECOVID/GAB/SECOVID/MS. Brasília, DF: Ministério da Saúde. Setembro, 2021.
- Ministério da Saúde (BR). Nota Técnica nº 43/2021-SECOVID/GAB/SECOVID/MS. Administração de Dose Adicional e de Dose de Reforço de vacinas contra a Covid-19. Brasília, DF: Ministério da Saúde. Setembro, 2021.
- Ministério da Saúde (BR). Nota Técnica nº 27/2021-SECOVID/GAB/SECOVID/MS. Administração de dose de reforço de vacinas contra a Covid-19. Brasília, DF: Ministério da Saúde. Agosto, 2021.
- Brito F. Ministério da Saúde aprova dose de reforço para profissionais. Ministério da Saúde, Brasília, 24 de setembro de 2021. Saúde e Vigilância Sanitária. Acessado em 26 de setembro de 2021. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2021-1/setembro/ministerio-da-saude-aprova-dose-de-reforco-para-profissionais.