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A terapia com estatinas é segura e eficaz na prevenção de eventos cardiovasculares adversos em pacientes com risco de aterosclerose aumentado. Mas o seu uso em meninas e mulheres traz grande preocupação em relação aos possíveis riscos de teratogenicidade.
Em 2018, a American Heart Association/American College of Cardiology Guideline on the Blood Colesterol recomendou a triagem universal do perfil lipídico em jejum ou HDL não jejum em crianças e adolescentes com e sem fatores de risco para doenças cardiovasculares (DCV) entre 9 e 11 anos de idade e novamente entre 17 e 21 anos. Para pacientes com importante histórico familiar de DCV pode ser recomendado lipidograma desde os 2 anos de idade para identificar potencial hipercolesterolemia familiar ou outras formas raras de hipercolesterolemia.
De acordo com essa diretriz de 2018, crianças e adolescentes a partir de 10 anos de idade com LDL persistentemente maior que 190 mg/dL ou maior que 160 mg/dL com uma apresentação clínica consistente com hipercolesterolemia familiar e que não respondem a modificações no estilo de vida, podem iniciar a terapia com estatinas.
As principais diretrizes no momento orientam que as pacientes em idade reprodutiva que tenham indicação de uso da estatina sejam alertadas a utilizarem métodos anticoncepcionais. Porém, esse enredo levanta algumas questões acerca do início de anticoncepcionais, bem como a possível interferência do mesmo no perfil lipídico.
A prescrição de anticoncepcionais por clínicos pode envolver educação verbal, diálogo com os pais, um contrato verbal ou escrito, necessidade de solicitação de teste de gravidez de rotina semelhante ao que é usado por dermatologistas para a prescrição de isotretinoína. Além disso, pode haver divergências quanto às opções de prescrição de anticoncepcionais.
Vale lembrar que a avaliação lipídica em adolescentes em idade reprodutiva pode ser feita não apenas para determinar a adequação do início da estatina, mas também para monitorar o efeito dos anticoncepcionais nos níveis lipídicos. O componente estrogênico das terapias hormonais aumenta os triglicerídeos, e as diretrizes encorajam cautela na prescrição de anticoncepcionais se os triglicerídeos basais forem de 250 mg/dL a 500 mg/dL. Além disso, alguns progestágenos como norgestrel e levonorgestrel elevam o LDL e diminuem o HDL.
Os anticoncepcionais considerados neutros em relação ao metabolismo lipídico seriam métodos de barreira e DIUs não hormonais. Assim como os anticoncepcionais orais, os transdérmicos ou vaginais apresentam riscos muito semelhantes quanto ao aumento do risco de trombose e DCV em geral.
Como ratificado por Ann Liebeskind, MD, FNLA, FAAP , membro do corpo docente do NLA Foundations in Lipidology Course em uma apresentação científica da National Lipid Association neste mês de dezembro: o risco de trombose na gravidez é maior do que o risco de trombose com o uso de contraceptivo oral, portanto, privar uma adolescente do uso de anticoncepcional oral pelo risco de trombose nem sempre é a melhor opção para preveni-la.
Duas revisões sistemáticas, publicadas no Journal of Clinical Lipidology e Expert R eview of Cardiovascular Therapy , avaliaram a associação entre estatinas e teratogenicidade. Nenhum deles encontrou evidências de que as estatinas causaram anomalias congênitas, independentemente das condições médicas concomitantes associadas ao seu uso. Além disso, a pravastatina tem demonstrado ser uma droga em potencial para redução de pre eclampsia em novos estudos.
Portanto, crianças e adolescentes com risco elevado de aterosclerose, especialmente aqueles com hipercolesterolemia familiar , podem se beneficiar do início precoce da terapia com estatinas. No entanto, o impacto das terapias hormonais anticoncepcionais sobre os níveis de lipídios pode exigir consideração especial e tomada de decisão compartilhada para meninas e adolescentes com indicação de uso de estatinas.
Referências bibliográficas:
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