Um dos temas discutidos durante o primeiro dia do congresso ACP 2023, da American College of Physicians, foi a dificuldade de comunicação que o profissional da saúde pode enfrentar. Mais especificamente os problemas de comunicação que podem ocorrer entre médico e paciente, entre os médicos e entre médicos e outros profissionais da equipe de saúde. A natureza do problema varia conforme a situação, mas alguns elementos tornam este cenário mais comum:
- Cansaço e sobrecarga no trabalho;
- Privação de sono;
- História de abuso (físico, psicológico ou moral);
- Preconceitos e barreiras culturais;
- Falta de treinamento;
- Conflito de personalidades;
- Falta de tempo.
Pacientes difíceis, quem são?
Do ponto de vista científico, pacientes classificados como “difíceis” são estatisticamente mais velhos, com mais comorbidades, medicados com polifarmácia, e com maior prevalência de transtornos do humor e abuso de álcool. Por outro lado, quando perguntado aos médicos quantos pacientes difíceis eles atendem em média, houve também uma diferença. Médicos rotularam maior proporção de “pacientes difíceis” quando tinham mais tempo de formados, menor satisfação com a profissão, falta de treinamento em comunicação e falta de empatia.
A fim de solucionar o problema, treinamentos estão sendo desenvolvidos por diversas sociedades médicas, sendo inclusive tema de workshop prático no congresso da ACP 2023. Há diversas ferramentas disponíveis, sendo as mais estudadas:
- SPIKE
- NURS – mostre que você ouviu o que ele disse (Name), entende e respeita os valores/sentimentos do paciente (Understand and Respect) e que lhe dará Suporte.
- ADOBE – você reconhece o problema (Acknowledge), sabe o significado disso para ele (Discover meaning), demonstra empatia (Opportunity), mas, ao mesmo tempo, impõe limites ao que é permitido e correto (Boundaries) e oferece suporte multiprofissional (Extend the system).
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Ou seja, a maioria das ferramentas envolve você primeiro ouvir o paciente e conhecer a história como um todo, e suas diferentes versões. Segundo, demonstrar que entende a visão dele e que tem empatia pelos seus sentimentos. A partir daí, traçar um plano de ação. É importante que este plano seja realístico e não apenas “fazer todas as vontades do paciente”, até porque na maioria das vezes isso não é possível ou permitido. Por fim, é válido trazer outros personagens ao cenário – enfermeiro, psicólogo, fisioterapeuta e médicos de outras especialidades – com o objetivo de dar opções ao paciente, a fim de atingir um objetivo que seja factível e equilibrado a todos.
8 abr. 2024 
1 min. 
