ACP 2023: Lições de distúrbios ácido-base

Confira tudo o que foi colocado como “must not miss” no congresso da ACP 2023 sobre os distúrbios ácido-base.

O equilíbrio ácido-base traz arrepios em muitas pessoas e tem gente que prefere um EEG do que uma gasometria! Mas na prática, na beira do leito, não é tão complicado assim. O que foi colocado como “must not miss” no congresso da ACP 2023?

Gasometria: o ideal é ser arterial, mas a venosa não é pra ser jogada fora. Considere apenas que no sangue venoso a pCO2 é cerca de 5-8 mmHg maior e o bicarbonato 0,5-1,5 mEq/L menor. O lactato é que precisa ser arterial ou de uma veia central – não pode ser da veia antecubital! Apesar do pH ser o objetivo final, ele só altera se o distúrbio estiver “não-compensado”. Por isso, mesmo no pH normal, esteja atento: olhe para HCO3 e CO2 e veja se há algum distúrbio ainda na fase compensada que, se tratado a tempo, evitará sintomas e complicações.

A grande dúvida surge quando ambos HCO3 e CO2 estão alterados: é um problema metabólico que compensou com respiração ou vice-versa? Num pH normal, fica difícil saber. Apesar de podermos usar as fórmulas de compensação para saber a causa, o contexto clínico é mais importante e foi o recomendado pelo palestrante.

Um exemplo bem legal que foi demonstrado: imagine um senhor DPOC grave, que já trabalhe no basal com retenção de CO2. Em uma intercorrência, a gasometria dele mostra pH 7,25 com pCO2 60 mmHg e HCO3 25 mEq/L. Aqui, há duas possibilidades que só o contexto clínico pode ajudar:

  • 1ª ele está com exacerbação e pior da parte respiratória – o CO2 está mais alto que usual e ainda não houve compensação renal; o tratamento será VNI e broncodilatadores
  • 2º ele está com diarreia e piora da função renal – o bicarbonato basal era mais alto, mas caiu; o tratamento será repondo a volemia

Ânion Gap: deve ser utilizado para ajudar a pensar a causa da acidose. Quando normal, sugere insuficiência renal, diarreia ou excesso de SF 0,9% (hipercloremia). O AG pode também ficar reduzido em cenários como hipermagnesemia (excesso de cátions), toxicidade pelo lítio (que é um cátion) e hiperproteinemia (como mieloma).

Outra informação interessante do AG é que ele depende da albumina. Para cada 1g de albumina menor que 4 g/dl, adicione 2,5 ao valor do AG.

Além dos valores séricos, o AG pode ser calculado na urina, sendo útil nas acidoses com AG sérico normal a fim de diferenciar entre causa renal e causa intestinal. Um AG urinário positivo indica causa renal para a acidose.

Confira aqui a cobertura completa do ACP 2023!

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