ACS 2023: Discussão sobre a cirurgia de emergência em zonas de conflito

Em palestra do ACS 2023, profissionais da saúde do exército americano trouxeram diversas questões sobre a atuação na esfera militar.

O exército americano é sempre presente nos congressos da American College of Surgeons (ACS). Suas aulas trazem à tona temas que geram bastante discussão e que giram ao redor da esfera militar e ética médica. 

  • Os médicos devem gastar todo o estoque de sangue atendendo um soldado inimigo?
  • Como atuar diante de um prisioneiro que não consegue falar por um trauma de mandíbula e com isto não consegue continuar o interrogatório? 
  • Devemos operar para que ele possa completar o interrogatório?  

De acordo com a palestra, os direitos pessoais são superiores e uma operação deve ser realizada em concordância com este paciente que no caso é um prisioneiro.  

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Os diferentes cenários 

Em situações extremas os preceitos aprendidos na escola de medicina podem ser um pouco deturpados, porém foi concordância entre os diversos membros da mesa, que os acordos internacionais de guerra devem ser seguidos, como foi exposto pelo Dr. Matthew J. Martin. 

Na continuação do debate, Jennifer M. Gurney abordou uma questão polêmica: Até quando se deve continuar na ressuscitação de um paciente?  

A médica iniciou apresentando um cenário real que vivenciou durante sua atuação no Iraque. Em um hospital de campanha com três salas de operação, chegaram quatro feridos que necessitavam de cirurgia de urgência. Houve necessidade de reoperar um paciente por sangramento, porém o estoque de sangue estava limitado e assim foi iniciado o protocolo para soldados doarem sangue para uso imediato.  

Mesmo após este atendimento, começaram a chegar outros pacientes vítimas de explosão e a necessidade de novas transfusões e novas doações além do paciente inicial que continuava a necessitar novas transfusões. O que fazer nesta situação em que um paciente consumindo grandes volumes de hemocomponentes enquanto outros pacientes continuam necessitando de transfusões?  

Será que existe um limite para parar a transfusão de um paciente, mesmo sendo tomadas todas as medidas clínicas para correção da discrasia?  

O exercício americano possui uma grande estatística em transfusão sanguínea, e um mesmo paciente já chegou a tomar 290 unidades em 24h, sendo 142 concentrados de hemácia e 115 plasmas, além de 24 plaquetas e 42 sangues totais. Os dados acumulados não demonstraram um ponto de corte para limitar a transfusão. Deve ser avaliado todo o conjunto e não apenas o número de transfusões.  

Outra questão ética presente nessa atuação é como tratar os prisioneiros de guerra e se é possível publicar, especialmente em prisioneiros com grande fama mundial. Diversos são os aspectos que envolvem este tipo de dogma e muitas informações já estão disponíveis pela própria mídia. Além disso, é bastante frequente na prática no Brasil como separar o trabalho médico dos aspectos morais que possuem em relação àquele paciente.  

Para levar para casa 

No trauma, apesar do paciente poder não ser um aliado, devemos separar esta questão ética. Além disso, a quantidade de recurso disponibilizado a um paciente deve ser em conjunto com os recursos disponíveis no local. 

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