Afinal, para que serve a ressonância magnética de próstata?

O avanço na qualidade dos métodos de imagem permite desde 1980 a avaliação complementar e não invasiva da próstata por meio da ressonância magnética (RM).

Com a chegada do mês de novembro, as atenções se voltam para o câncer de próstata. O câncer de próstata é importante causa de morbidade e mortalidade no mundo todo, representando a segunda neoplasia mais frequente entre os homens no Brasil, atrás apenas do câncer de pele não-melanoma.

O avanço na qualidade dos métodos de imagem permite desde 1980 a avaliação complementar e não invasiva da próstata por meio da ressonância magnética (RM). O protocolo mais usualmente utilizado é o multiparamétrico e compreende a aquisição de sequências pesadas em T1, T2, difusão, o estudo dinâmico após a administração do meio de contraste paramagnético.

O estudo permite não somente a localização e avaliação anatômica e de nódulos suspeitos, mas também avalia invasão local e o comprometimento de estruturas regionais e a distância, abrangendo as principais cadeias linfonodais e permitindo o estadiamento local de forma mais eficaz do que outros métodos até o momento.

Trabalhos recentes ainda demonstraram que o uso da bobina endorretal, preconizada anteriormente e alvo de críticas e baixa aceitação pelos pacientes, não modifica significativamente a avaliação por RM da próstata e portanto já não é utilizada em muitos serviços.

Mais do autor: ‘Imagem nas demências: onde estamos e para onde iremos’

A sociedade Europeia de Radiologia Urogenital (ESUR) desenvolveu em 2012 a primeira versão do sistema de padronização dos achados em RM de próstata conhecido como PI-RADS, que, de forma similar aos utilizados para outros órgãos (como BI_RADS de mama), classifica os achados indicando o melhor prosseguimento.

Em 2015, devido aos crescentes avanços e às limitações identificadas, foi lançada uma nova versão do PI-RADS, desenvolvida por um comitê formado pela ESUR, pelo Colégio Americano de Radiologia e pela Fundação AdMeTech.

A avaliação pelo médico radiologista abrange a identificação da alteração ou do nódulo em sequencias específicas. O volume da próstata e a avaliação das estruturas regionais também são incluídos no relatório. Outro uso mais recente e ainda pouco disponível no Brasil é a biópsia de próstata guiada por ecografia e RM, a qual é realizada através de um software que realiza a fusão dos dois estudos de forma dinâmica e permite ao médico obter amostras específicas, reduzindo a chance de falsos negativos.

As limitações da RM de próstata consistem, além das contraindicações formais ao método (marcapasso cardíaco, implante coclear, etc…) basicamente nas alterações após procedimentos recentes, como a biópsia transretal, que pode resultar em áreas de hemorragia que dificultam a avaliação acurada de nódulos; os processos inflamatórios que podem muitas vezes mimetizar ou obscurecer processos neoplásicos; e o custo e disponibilidade do exame que pode ser limitado conforme a região, principalmente em países em desenvolvimento.

*Artigo escrito em parceria com a médica Juliana Sitta

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Referências:

  • PI-RADS, Prostate Imaging – Reporting and Data System. 2015 version 2. American College of Radiology.
  • Prostate Cancer: Multiparametric MR Imaging for Detection, localization, and Staging. Radiology: Volume 261: Number 1 – 2011.
  • Advancements in MR Imaging of the Prostate: From Diagnosis to Interventions. Radiographics: Volume 31, Issue 3 – 2011.

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