AMA retira apoio para Análise do Comportamento Aplicada por falta de evidências

A Análise do Comportamento Aplicada (ABA) era considerada o “padrão-ouro” de intervenção para tratamento de Transtorno do Espectro Autista.

Em sua reunião anual do comitê de referência da Câmara de Delegados (House of Delegates) — órgão legislativo e de formulação de políticas da American Medical Association (AMA) —, a AMA recebeu uma proposta por parte seção de estudantes de medicina para a remoção do apoio à realização de Análise do Comportamento Aplicada (ABA), até o momento considerada o “padrão-ouro” de intervenção para tratamento de Transtorno do Espectro Autista (TEA) e a intervenção mais largamente utilizada e financiada pelas politicas públicas dos Estados Unidos e Canadá.

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AMA retira apoio para Análise do Comportamento Aplicada por falta de evidências

Análise do Comportamento Aplicada

A ABA foi concebida em 1961 pelo Dr. Ole Ivar Lovaas para condicionar comportamentos neurotípicos em crianças. Ela é um tipo de terapia interpessoal que visa melhorar as habilidades sociais e modificar os comportamentos através de um modelo baseado em recompensas.

Algumas discussões éticas envolvem o Dr. Ole, uma vez que antes de engajar-se no tratamento de crianças com TEA, ele se dedicou a estudar terapia de conversão para pessoas homossexuais. Além disso, entende-se hoje que o uso de alimentação e direito a ir ao banheiro como reforços positivos (práticas utilizadas no início dos estudos) guarda em si questões éticas preocupantes.

Os elementos que sustentam a argumentação da AMA são os seguintes:

A princípio, parte-se da discussão que o comportamento desejado é frequentemente definido pelo adulto, sem o consentimento da criança e pode incluir estímulos não prejudiciais ou comportamentos de enfrentamento e que o objetivo da terapia seria “fazer a criança parecer normal”.

Saiba mais: Há associação entre transtorno do espectro autista e doenças cardiometabólicas?

Tais preocupações éticas são atreladas as seguintes evidências: adultos expostos a ABA são mais propensos ao suicídio; a exposição a ABA tem sido associada ao Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) – 62 % dos adultos expostos a ABA vs 27% dos adultos não expostos e a fraca evidência que endossa a realização de ABA – baseando-se em uma revisão sistemática da Cochrane realizada em 2018, com evidências sugerindo que os efeitos da intervenção precoce intensiva na redução da gravidade dos sintomas do autismo e do comportamento problemático são pequenos, com ganhos nas áreas de comportamento adaptativo, QI, comunicação, socialização e habilidades da vida diária, com os maiores ganhos obtidos no QI e os menores na socialização.

A declaração final da AMA endossa a necessidade de uma articulação entre as partes interessadas para que um cuidado abrangente e especializado que reconheça a diversidade e a personalidade de indivíduos neurodivergentes possa ser estabelecido.

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