Arboviroses: uma nova estratégia de prevenção utilizando a Wolbachia

Em 2017, foram liberados mosquitos Aedes aegypti com Wolbachia em larga escala. A ação faz parte das ações do projeto World Mosquito Program.

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Em 2017, foram liberados no Rio de Janeiro mosquitos Aedes aegypti com Wolbachia em larga escala. A ação faz parte das ações do projeto World Mosquito Program (WMP), uma iniciativa internacional sem fins lucrativos que trabalha para combater as arboviroses. O projeto, iniciado por pesquisadores australianos, usa a Wolbachia para reduzir a ameaça de doenças transmitidas por mosquitos, como zika, dengue e chikungunya. O WMP opera atualmente em 12 países ao redor do mundo – incluindo Austrália, Brasil, Colômbia, México.

As ações do projeto se dividem em etapas, incluindo engajamento comunitário, liberação do mosquito e monitoramento. O WMP utiliza dois métodos de liberação de mosquitos Aedes aegypti com Wolbachia no ambiente: a soltura de mosquitos adultos e a utilização do Dispositivo de Liberação de Ovos (DLO).

mayaro

Sobre a Wolbachia e as arboviroses

Wolbachia pipientis é uma bactéria intracelular descoberta em 1926, sendo observada pela primeira vez em mosquitos da espécie Culex pipiens. Desde 1990, mais de 1.500 estudos científicos sobre a Wolbachia foram publicados em periódicos. Esta bactéria é amplamente presente entre os invertebrados e pode ocorrer naturalmente em até 60% de todos os insetos do mundo. É importante ressaltar que a Wolbachia não é infecciosa, sendo incapaz de infectar vertebrados, incluindo os humanos.

O projeto no Brasil iniciou com a chegada de ovos do Aedes aegypti com Wolbachia trazidos da Austrália, com autorização do IBAMA. A partir destes ovos, eclodiram pupas que se tornaram mosquitos adultos utilizados para o estabelecimento de uma colônia brasileira de Aedes aegypti com Wolbachia, em condições de laboratório na Fiocruz.

Atualmente, há evidências de que o Método Wolbachia pode ser eficiente na prevenção da transmissão das seguintes arboviroses: dengue, zika, Chikungunya, febre amarela e febre mayaro. Recentemente, um artigo brasileiro foi publicado no Gates Open Research, demonstrando que a presença da bactéria Wolbachia em Aedes aegypti tem a capacidade de reduzir a transmissão do vírus da febre amarela nesta espécie de mosquito.

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Em maio de 2016, os pesquisadores do projeto ‘Eliminar a Dengue: Desafio Brasil’ (antigo nome do WMP no Brasil) publicaram um estudo científico em que descrevem a ação da bactéria Wolbachia também sobre o vírus Zika.

Um ponto muito importante a ser considerado é o impacto ambiental da liberação de mosquitos com Wolbachia, A Organização de Pesquisa Científica e Industrial da Comunidade das Nações (CSIRO, principal Agência de Ciência da Austrália) realizou um estudo antes de iniciar os testes práticos e concluiu que este método apresenta riscos insignificantes tanto para o meio ambiente quanto para a segurança humana.

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