Aspergilose pulmonar associada à Covid-19

Entre as complicações associadas à Covid-19 grave, têm-se observado um aumento na ocorrência de infecções fúngicas (como a aspergilose).

Entre as complicações associadas a quadros de Covid-19 grave, têm-se observado um aumento na ocorrência de infecções fúngicas, como candidemias, murcomicoses e aspergiloses. A maior incidência de infecções por Aspergillus spp. em pacientes com Covid-19 levou à definição da aspergilose pulmonar associada a Covid-19, ou CAPA, com critérios definidos pelo consenso da ECMM/ISHAM.

Enquanto mais e mais casos vão sendo notificados, mais podemos entender sobre a doença e desenvolver estratégias de prevenção e reconhecimento e tratamento precoces. Um estudo internacional mostra características de casos de CAPA, permitindo aumentar nosso conhecimento sobre a condição.

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Aspergilose pulmonar associada a Covid-19

Materiais e métodos

O estudo foi realizado a partir de dados obtidos de 20 centros em 9 países. Os centros participantes foram convidados a fornecer informações sobre os métodos diagnósticos, tratamento e desfecho de pacientes com Covid-19 confirmado por RT-PCR e internados em CTI por insuficiência respiratória, com ou sem CAPA. Os objetivos do estudo foram avaliar as abordagens diagnósticas, a prevalência e o tratamento de CAPA.

Resultados

Foram analisados 592 casos, dos quais 11 (1,9%) foram classificados como CAPA comprovada, 80 (13,5%) foram classificados como CAPA provável, e 18 (3%), como CAPA possível, totalizando 109 casos.

Entre os pacientes com CAPA que tiveram dosagem de galactomanana em amostras de lavado broncoalveolar (LBA), a mediana de valor foi de 2,74. Galactomanana sérica foi positiva, com valor > 0,5, somente em 19% dos pacientes com CAPA. O crescimento de Aspergillus spp. em cultura desse material foi detectado somente em pacientes com diagnóstico de aspergilose. Já entre os pacientes críticos sem CAPA, 2,4% apresentaram valores de galactomanana maiores do que 1,0 no LBA e 0,5% apresentaram valores séricos maiores do que 0,5.

Saiba mais: Infecções fúngicas na Covid-19: como identificar e quando notificar?

Dos 109 casos, 91% receberam tratamento antifúngico sistêmico, dos quais 52% receberam alta vivos do CTI. Terapia com azólicos foi a mais frequentes, sendo voriconazol o antifúngico mais utilizado (53%), seguido de isavuconazol (36%). Outros tratamentos utilizados foram formulações lipídicas e de deoxicolato de anfotericina B e equinocandinas. Terapia combinada foi administrada em 18% dos pacientes.

A prevalência de CAPA nessa coorte foi de 15,4%, compatível com a encontrada em outras séries. A mortalidade dentro do CTI foi de 36% em 30 dias, 46% em 60 dias e 49% em 90 dias. Para os casos de CAPA, a análise estatística mostrou uma mortalidade de 1% em 1 dia, 16% em 15 dias e de 20% em 90 dias.

Mensagens práticas

  • Aspergilose pulmonar associada a Covid-19 é uma complicação relativamente frequente (15,4%) entre pacientes críticos com Covid-19 e insuficiência respiratória.
  • O diagnóstico é difícil, sendo dependente de amostras respiratórias como lavado broncoalveolar.
  • Monoterapia com voriconazol foi a principal forma de tratamento, conforme recomendações internacionais. Pela ANVISA, voriconazol é a primeira escolha de tratamento para casos de CAPA no Brasil.
  • No Brasil, casos de CAPA são de notificação obrigatória ao CIEVS nacional por meio de formulário próprio.

Referências bibliográficas:

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