Até que ponto a história de perdas gestacionais impacta os resultados reprodutivos?

Um estudo avaliou o impacto de perdas gestacionais em desfechos reprodutivos de mulheres submetidas a tratamento de fertilidade.

A definição de perda gestacional recorrente nos Estados Unidos é a perda de duas ou mais gestações. Já no Reino Unido, a investigação começa a pela definição de três ou mais perdas gestacionais. Mais de 50% dos abortos de repetição não tem um fator etiológico identificável. Apesar de acometer cerca de 2% das gestações, é uma causa de difícil diagnóstico muitas vezes e, principalmente, fator de preocupação para casais que vão se valer de tecnologias de reprodução assistida para garantir uma gestação.  

Durante o preparo do casal para concepção hoje podem ser utilizados testes pré-implantação para garantir uma segurança maior para diagnósticos de aneuploidias tentando evitar a repetição de perdas gestacionais. Entretanto, fatores como possíveis gestações anembrionadas, altos custos e real efetividade do diagnóstico para o futuro reprodutivo têm limitado seu uso. O antecedente de perda recorrente permanece como dúvida se pode interferir no desfecho reprodutivo ou nos tratamentos de infertilidade.  

perdas gestacionais

Estudo

Um estudo chinês publicado no American Journal of Obstetrics & Gynecology neste mês de agosto fez uma avaliação do impacto da história de perda gestacional recorrente nos desfechos reprodutivos de mulheres submetidas a tratamento de fertilidade.

Leia também: Morbidade perinatal e gravidade da colestase intra-hepática da gravidez

Métodos

Uma coorte retrospectiva de 29.825 mulheres submetidas a transferência de embriões congelados e 5.476 mulheres submetidas a inseminação intrauterina foram incluídas. Casais com anomalias cariotípicas conhecidas ou malformações uterinas foram excluídos do estudo.  

Nas mulheres submetidas a transferência de embriões congelados o antecedente de perda gestacional recorrente não foi associada a gravidez laboratorial (OR 1,19), aborto espontâneo (OR 0,99) ou taxas de natalidade (OR 0,91). No grupo submetido a inseminação intrauterino, a história de perda recorrente prévia não teve associação significativa com desfechos de fertilidade em todos os ciclos (OR 1,36), taxa de nascidos vivos (OR  0,91) ou abortos espontâneos (OR  1,74). 

Assim, nas pacientes sem anomalias cromossômicas prévias que se submetem a tratamento de infertilidade, as perdas gestacionais prévias recorrentes têm pouco ou nenhum prognóstico sobre o sucesso reprodutivo quando submetidas a transferência de embriões congelados ou inseminação intrauterina.

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Qiu J, Du T, Li W, Zhao M, Zhao D, Wang Y, Kuang Y, Mol BW. Impact of recurrent pregnancy loss history on the reproductive outcomes in women undergoing fertility treatment. Am J Obstet Gynecol. 2022 Aug 12:S0002-9378(22)00648-2. doi: 10.1016/j.ajog.2022.08.014. Epub ahead of print. PMID: 35970200.