São esperados 704 mil casos novos de câncer no Brasil para cada ano do triênio 2023-2025, com destaque para as regiões Sul e Sudeste, que concentram 70% da incidência, como aponta a publicação Estimativa 2023 – Incidência de Câncer no Brasil, do Instituto Nacional do Câncer (Inca), lançado no final de novembro.
Segundo a nova edição do Estimativas, o tumor maligno mais incidente no país é o de pele não melanoma, com 31,3% do total de casos. A lista dos seis mais incidentes é a seguinte:
- Pele não melanoma – 31,3%
- Mama feminino – 10,5%
- Próstata – 10,2%
- Cólon e reto – 6,5%
- Pulmão – 4,6%
- Estômago – 3,1%
Tumores mais incidentes por gênero
Nas mulheres, o câncer de mama é o mais incidente (66,54%), depois do de pele não melanoma, com 74 mil novos casos previstos por ano até 2025. Nas regiões mais desenvolvidas do país, em seguida vem o câncer colorretal, mas, nas de menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), o tumor do colo do útero ocupa esta posição.
Nos homens, o câncer de próstata é predominante em todas as regiões, com incidência de 67,86%, totalizando 72 mil casos novos estimados a cada ano até 2025, atrás do câncer de pele não melanoma. Nas regiões de maior IDH, os tumores malignos de cólon e reto ocupam a segunda e terceira posição, e, nas menos desenvolvidas, o câncer de estômago é o segundo ou terceiro mais frequente.
Inclusão de tumores de pâncreas e fígado
No total, foram estimadas as ocorrências para 21 tipos de câncer mais incidentes no país, dois a mais que na publicação anterior, com a inclusão dos tumores de pâncreas e fígado.
De acordo com a pesquisadora da Coordenação de Prevenção e Vigilância do Inca, Marianna Cancela, a equipe decidiu incluir esses cânceres por serem um problema de saúde pública em regiões brasileiras e também com base em estimativas mundiais.
“O câncer de fígado aparece entre os dez mais incidentes na região Norte, estando relacionado a infecções hepáticas e doenças hepáticas crônicas. O câncer de pâncreas aparece entre os dez mais incidentes na região Sul, sendo seus principais fatores de risco a obesidade e o tabagismo”, revelou Cancela.
Metodologia aplicada
O cálculo das estimativas de câncer utiliza as bases de dados de incidência, provenientes dos Registros de Câncer de Base Populacional (RCBP) e dos óbitos, divulgados pelo Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM). A partir da relação entre incidência e mortalidade (I/M), modelos estatísticos são utilizados para definir a melhor predição. Essa escolha depende da disponibilidade das informações, conferindo maior ou menor precisão.
“Utilizamos metodologia semelhante à utilizada na elaboração das estimativas mundiais. Ampliar a disponibilidade das informações sobre incidência é fundamental”, explicou a pesquisadora da Divisão de Vigilância e Análise de Situação do Instituto, Marceli de Oliveira Santos.
A metodologia e as bases de dados utilizadas a cada edição da Estimativa são diferentes em função da melhoria da quantidade e da qualidade das informações de incidência e mortalidade ao longo do tempo. Por isso, a comparação com estimativas passadas não é possível.
“Esperamos que essas informações sirvam de subsídios não apenas para gestores, mas à conscientização de toda a população brasileira para a adoção de boas práticas de controle do câncer. E que essas informações sejam um estímulo a pesquisadores, profissionais e gestores de saúde e comunicadores”, disse a diretora-geral do Inca, Ana Cristina Pinho.
Este artigo foi revisado pela equipe médica do Portal PEBMED.