Caixa de acrílico para intubar o paciente com suspeita de Covid-19: usar ou não usar?

A caixa de acrílico para intubação orotraqueal na Covid-19 é uma caixa transparente, com tamanho suficiente para cobrir cabeça e parte do tórax do paciente.

Durante a pandemia do novo coronavírus, a preocupação com a contaminação da equipe de saúde é uma preocupação dos governantes, gestores, trabalhadores e população em geral, pois, além de possuírem um alto potencial de contaminação, seu afastamento para tratamento de saúde gera uma sobrecarga no sistema de saúde.

Apesar da fabricação extraordinária, compra e importação de equipamentos de proteção individual (EPI), permanecem as dúvidas se esses esforços serão suficientes para proteger os profissionais de saúde até o fim da pandeia. Neste sentido, outras medidas tem sido pensadas para diminuir a exposição de profissionais de saúde, entre as soluções encontradas temos a caixa de acrílico para intubação orotraqueal.

Caixa de acrílico para intubação na Covid-19

A caixa de acrílico para intubação orotraqueal consiste numa caixa transparente, com tamanho suficiente para cobrir cabeça e parte do tórax do paciente, com aberturas nas laterais permitindo a entrada do braço do médico que for realizar o procedimento, onde acredita-se diminuir a dispersão de aerossol no ambiente e consequente diminuição de exposição dos profissionais envolvidos no procedimento. Testaram dois modelos de caixa de acrílico com vedação dos orifícios para entrada do braço dos participantes e sem vedação.

A pergunta que resta é: a caixa de acrílico é segura para o paciente e para os profissionais de saúde?

Para responder essa pergunta, trazemos alguns destaques do trabalho intitulado “The aerosol box for intubation in COVID-19 patients: an in-situ simulation crossover study.”

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O estudo foi realizado num ambiente de simulação realística, cujo objetivo foi foi explorar o impacto dessas caixas na pré-oxigenação, laringoscopia em comparação ao uso de EPI normal. Participaram do estudo 12 anestesistas com experiência em manejo de vias aéreas e familiarizados com o protocolo de intubação orotraqueal da Austrália e Nova Zelândia.

Principais resultados

Nas tentativas de intubar sem a caixa de acrílico, 100% dos participantes obtiveram sucesso, por outro lado, em o uso das caixas de acrílico tiveram uma taxa de insucesso de 25% e 17%, nos modelos com e sem vedação, respectivamente. Quando comparado o tempo necessário para o sucesso da intubação, o uso da caixa de acrílico sem vedação aumentou, em média, 48,4s e 28,2s, caixas com e sem vedação, respectivamente.

A danificação de EPI variou entre 8 e 58%, nas caixas sem e com vedação, respectivamente. Esses danos concentram-se em rompimento das luvas e desposicionamento ou danificação das mangas dos capotes.

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Durante o estudo, observou-se que a caixa de acrílico, de ambos os modelos, dificultou a pré-oxigenação em 8% dos casos.

O estudo concluiu que a caixa de acrílico pode trazer muitos malefícios para o paciente, envolvendo mais risco de falha do procedimento e maior tempo para intubação, além de ter sua eficácia de proteção do profissional, questionável, uma vez que o uso dela está associado a um maior risco de danificação de equipamentos de proteção individual, por isso não recomendam o uso dessa tecnologia até que mais estudos sejam realizados e comprovem os benefícios dela.

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