Combinação da avaliação doppler e líquido amniótico para predição de RCIU

Um artigo analisou a relação entre o líquido amniótico e o doppler fetal para predizer desfechos perinatais desfavoráveis em fetos restritos. 

Restrição de crescimento fetal ou intrauterina (RCIU) é uma das intercorrências obstétricas mais comuns durante a gestação. E está associada a uma mortalidade fetal que pode atingir 50%. O grande desafio no manejo desses casos é definir o momento apropriado da resolução da gestação, balanceando os riscos da prematuridade e do óbito fetal. 

A etiologia da RCIU é diversa, desde fatores maternos e fetais; entretanto, a via final comum é a insuficiência placentária. A análise dessa insuficiência placentária e o consequente bem-estar fetal é feito através do estudo doppler, com algumas aferições mais comuns: o índice de pulsatilidade (IP) da artéria uterina, cerebral média (IPACM) e umbilical (IPAUMB), além do índice cérebro-placentário (CPR). 

Além do doppler, uma outra avaliação ultrassonográfica do bem-estar fetal é o volume do líquido amniótico, avaliado tanto pela medida do maior bolsão (MB) quando pelo índice do líquido amniótico (ILA). 

O artigo aqui descrito foi publicado recentemente no International Journal of Gynecology and Obstetrics e analisou uma relação entre o líquido amniótico e o doppler fetal para predizer desfechos perinatais desfavoráveis em fetos restritos. 

O índice analisado pelos autores foi a combinação da medida do maior bolsão com a relação do doppler da artéria umbilical com a artéria cerebral, sendo nomeado amniotic-umbilical-to-cerebral ratio (AUCR). Esse índice foi calculado como a divisão do maior bolsão pela relação IPAUMB/IPACM (UCR). 

A ansiedade perinatal na pandemia

O estudo 

Trata-se de um estudo de coorte prospectivo, desenvolvido em um centro terciário na Turquia. Os sujeitos da pesquisa foram compostos por gestantes de 18 a 40 anos, internadas no centro de estudo, com diagnóstico de RCIU após 37 semanas. Foi considerado RCIU o feto com peso fetal estimado < p10%. 

Os desfechos perinatais desfavoráveis foram o pH do cordão umbilical <7,1, índice de Apgar no 5º minuto <7 e admissão em unidade de cuidados intensivos (UCI). 

Métodos 

Foram analisadas 100 mulheres de 2020 a 2021. Foram divididas em dois grupos de acordo com a presença ou ausência de um desfecho adverso perinatal. O grupo controle possuía 83 mulheres, enquanto o grupo estudo 17. 

Resultados 

O IPAUMB e o índice UCR eram significativamente maiores no grupo estudo (1,18 ± 0,4 vs. 0,91 ± 0,19 e 1,1 ± 0,34 vs. 0,72 ± 0,31, p = 0,015 e p = < 0,001), enquanto o MB, CPR e AUCR eram significativamente menores (3,1 ± 1,1 vs. 4,0± 1,3, 1,4 ± 0,6 vs.  4,5 ± 2,8 e 3,0 ± 1,1 vs. 7,1 ± 3,9, p = 0,018, p = 0,002, e p = < 0,001). 

Além dessa comparação, foram construídas curvas ROC para cada índice doppler e o índice com maior área sob a curva foi o AUCR (0,882).

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Mensagem prática

Diante de tais achados, os autores sugerem que o índice AUCR (relação do maior bolsão com o doppler da artéria umbilical/cerebral) é o índice ultrassonográfico dentre os estudados que mais esteve associado aos desfechos perinatais adversos, sendo o melhor preditor entre eles.

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Besimoglu, B., Uyan Hendem, D., Atalay, A., Göncü Ayhan, Ş., Sınacı, S., Tanaçan, A. and Şahin, D. (2022), Combination of Doppler Mesaurements with Amniotic Fluid Volume for the Prediction of Perinatal Outcomes in Fetal Growth Restriction. Int J Gynecol Obstet. Accepted Author Manuscript. https://doi.org/10.1002/ijgo.14431