Como abordar a toxicidade pelo RHZE?

A tuberculose é um desafio de saúde pública mundial e, segundo a OMS, após a pandemia de covid-19, anos de avanços no controle da TB foram revertidos.

A tuberculose (TB) é um desafio de saúde pública mundial e, segundo a OMS, após a pandemia de covid-19, anos de avanços no controle da TB foram revertidos por conta da reorganização de ações, serviços e sistemas de saúde que se fizeram necessários.  

Ainda que se tenha percebido uma queda no número de casos novos entre os anos de 2012 e 2015, ao longo da pandemia observou-se uma redução acentuada na incidência de TB em comparação com o período anterior, o que tem sido justificado pela dificuldade de acesso aos serviços de saúde e consequente redução de diagnósticos precoces. Além disso, evidenciou-se também a diminuição da proporção de cura entre os casos novos de TB.  

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Um dos motivos relatados para o abandono do tratamento é a toxicidade do mesmo e o manejo médico é de suma importância para um desfecho positivo. As reações adversas são divididas em menores e maiores (variam em torno de 3-8%), sendo essas últimas as responsáveis pela suspensão do tratamento.  

Menores 

  • Mudança de coloração da urina e suor – ocorre de forma universal, basta orientar o paciente; 
  • Intolerância gástrica (40%) – orientar o paciente a ingerir a medicação duas horas após o café da manhã. Outra opção é considerar o uso de medicação sintomática. Além disso, sempre atentar para função hepática; 
  • Prurido e exantema leve (20%) – considerar uso de anti-histamínico; 
  • Dores articulares (4%) – Considerar uso de analgésicos; 
  • Neuropatia periférica – medicar com piridoxina (B6) e avaliar evolução; 
  • Hiperuricemia (com ou sem sintomas) – orientar dieta com redução de proteínas e medicar os casos necessários; 
  • Cefaleia – considerar uso de analgésicos; 
  • Mudanças de comportamento (euforia, insônia, depressão leve, ansiedade, sonolência) – orientar; 
  • Febre – medicar.  

Maiores 

  • Exantema ou hipersensibilidade moderada a grave – suspender o tratamento. Nos casos moderados, pode-se reintroduzir os medicamentos um a um após a resolução do quadro. Nos quadros graves deve-se utilizar um esquema alternativo de tratamento; 
  • Psicose, crise convulsiva, encefalopatia tóxica – normalmente causada pela isoniazida, a qual deve ser suspensa e esquema reiniciado sem a referida medicação; 
  • Neurite óptica – geralmente causada pelo etambutol, bastando-se reiniciar o esquema sem essa medicação. O quadro é dose dependente, reversível quando detectado precocemente e dificilmente acontece nos dois primeiros meses de tratamento com as doses recomendadas; 
  • Hepatotoxicidade – suspender o tratamento até a resolução do quadro hepático. Após, pode-se reintroduzir as drogas uma a uma, sempre avaliando a função hepática. Iniciar pela rifampicina e etambutol, seguido de isoniazida e por último pirazinamida;  
  • Hipoacusia, vertigem e nistagmo – causada pela estreptomicina, que não é usada no esquema básico; 
  • Trombocitopenia, leucopenia, eosinofilia, agranulocitose, anemia hemolítica, vasculite, nefrite intersticial – causados pela rifampicina, a qual deve ser suspensa e esquema retomado sem essa medicação; 
  • Rabdomiólise com hemoglobinúria e insuficiência renal – causados pela pirazinamida, a qual deve ser suspensa e esquema retomado sem essa medicação; 

Leia também: Clinical Drops: como diagnosticar precocemente a tuberculose pulmonar ativa?

Os principais fatores de risco para o desenvolvimento de toxicidade ao tratamento da tuberculose são: idade (a partir da quarta década de vida), dependência química ao álcool, desnutrição (perda de mais de 15% do peso corporal), história de doença hepática anterior, coinfecção pelo HIV, principalmente se em fase avançada de imunodepressão.  

Além disso, vale ressaltar que todos os efeitos adversos, sejam menores ou maiores, devem ser notificados à Anvisa como medida de farmacovigilância e monitoramento de frequência.  

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Boletim epidemiológico Tuberculose 2022. Edição especial, Março 2022. Ministério da Saúde – Brasil.  
  • Manual de recomendações para o controle da tuberculose. 2º edição atualizada. 2019. Ministério da Saúde – Brasil.  

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