Covid-19: Associações médicas alertam sobre o uso da cápsula acrílica em leitos de UTIs

A notícia sobre a criação de cápsulas de acrílico protetoras para os pacientes com Covid-19 está sendo vinculada em alguns veículos da imprensa.

A notícia sobre a criação de cápsulas de acrílico protetoras para os pacientes com Covid-19, que traria proteção para os profissionais de saúde, está sendo vinculada em alguns veículos da imprensa e nas redes sociais

Essa cabine permitiria a circulação do oxigênio no seu interior, incluindo um filtro para evitar a saída das micropartículas para o meio externo. Dentro dela, os pacientes poderiam seguir usando os ventiladores auxiliares não invasivos.

Em tese, esse equipamento permitiria que, na falta de quartos isolados, pacientes em leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) não transmitam do vírus para pessoas saudáveis.

Além da passagem para o ventilador, duas aberturas na parte de trás serviriam para o acesso das mãos dos enfermeiros e médicos. Dobradiças na lateral e na região superior da cápsula possibilitariam a retirada imediata da cabine em caso de necessidade de intervenção médica emergencial.

Considerações

Entretanto, a Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB), a Associação Brasileira de Medicina de Emergência (ABRAMEDE), a Associação Brasileira de Fisioterapia Cardiorrespiratória e Fisioterapia em Terapia Intensiva (ASSOBRAFIR) e a Sociedade Brasileira para a Qualidade do Cuidado e Segurança do Paciente (SOBRASP) escreveram uma nota técnica em conjunto. A nota traz considerações importantes sobre este dispositivo que precisam ser debatidas antes da sua aplicação em UTIs:

“Não há estudos clínicos que comprovem a eficácia do dispositivo como forma de proteção para os profissionais de saúde. Por isso, ainda há a necessidade de uso de todos os equipamentos de proteção individual necessários, mesmo neste cenário. Existem ainda relatos de profissionais de saúde com dificuldade em manipular equipamentos e manusear o paciente durante o procedimento com estes dispositivos, o que poderia aumentar a chance de contaminação em alguns casos”, diz a nota técnica enviada para a imprensa.

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Ainda segundo as entidades de medicina, essa caixa acrílica precisaria ser descontaminada através de um autoclave, o que poderia danificar permanentemente o material do dispositivo. Como não há a possibilidade da descontaminação pelo processo mais seguro, há um grande risco de aglomeração de patógenos, que podem contaminar pacientes e profissionais.

“A substituição do acrílico por material mais maleável, como plástico, poderia ser uma alternativa, pois seria descartado após o procedimento, mas, como não há evidências da segurança desta alternativa, o mais seguro é levar o dispositivo para testes e estudos clínicos para validação de sua eficácia e, somente após este processo, ser usado em ambientes hospitalares com a finalidade de proteção”, frisa a nota técnica assinada em conjunto pela AMIB, ABRAMEDE, ASSOBRAFIR e SOBRASP.

Questões em aberto

Outros questionamentos ainda devem ser investigados e esclarecidos com a utilização de padrões científicos. Como o acúmulo de gás carbônico; o descarte seguro do ar de dentro da câmara e qual a real melhora na efetividade do processo de ventilação não invasiva nesta condição.

Com isso, as associações e sociedades médicas reforçam que o uso destes novos equipamentos propostos não substitui o uso dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) adequados contra procedimentos de aerossolização e gotículas de pacientes infectados pela Covid-19.

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