Covid-19: Por que todos os obesos e gestantes com diabetes devem ter prioridade na vacinação?

Sociedades brasileiras, como a SBEM, sugerem que obesos de qualquer grau e gestantes com diabetes devem ter prioridade na vacinação contra a Covid-19.

Obesos de qualquer grau e gestantes com diabetes devem ter prioridade na vacinação contra a Covid-19, sugerem sociedades e associações médicas, como a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD).

Mas, por que obesos de qualquer grau e gestantes com diabetes deveriam fazer parte da lista de prioridades?

mão segurando seringa e vidro de vacina para vacinação em obesos

Obesidade e Covid-19

Não é novidade que indivíduos com excesso de gordura corporal são biologicamente mais suscetíveis a infecções virais mais graves. E no caso do novo coronavírus não é diferente. Por esse motivo, pessoas com qualquer grau de obesidade deveriam ser incluídas na lista de prioridades na vacinação contra a Covid-19.

“A Covid-19 para os pacientes obesos traz um risco de internação e de insuficiência respiratória, com pneumonias graves, que muitas vezes levam à morte. O problema dos grupos prioritários de vacinação é uma “briga de facão”, como se diz aqui no Rio Grande do Sul. Todos querem ser grupo prioritário, porque as vantagens da vacina estão bem estabelecidas. Então, existem muitas doenças que deveriam entrar e que não estão, outras que estão e que talvez não fossem tão importantes. Mas certamente a obesidade, já de grau 1, que são índices de massa corporal acima de 30, já aumenta muito o risco de ter uma doença mais grave, com o novo coronavírus. E foram contemplados como grupo prioritário só os obesos mórbidos, aqueles que têm índice de massa corporal acima de 40, que certamente é um risco maior ainda”, ressalta o médico e professor Airton Golbert, ex-presidente da SBEM, coordenador do Departamento de Diabetes e Gestação da SBD, e secretário executivo da SBEM-RS, em entrevista ao Portal PEBMED.

Alto fator de risco

Especialistas lembram que na época da epidemia de influenza A subtipo H1N1, que aconteceu em 2009, foi notado e documentado um aumento do risco de infecções graves em pacientes obesos.

Já em março deste ano, a UK Intensive Care National Audit and Research Centre, no Reino Unido, anunciou que 72% dos pacientes que desenvolveram complicações sérias ou fatais da Covid-19 tinham excesso de peso.
Os pacientes obesos apresentam volumes pulmonares reduzidos. Muitos sofrem com apneia do sono, o que reduz a oxigenação durante a noite enquanto dormem. O risco de tromboses, incluindo tromboembolismo pulmonar, também é maior nesses indivíduos. E há mais doenças associadas que favorecem o agravamento do novo coronavírus, como o diabetes e a hipertensão arterial.

Além disso, pesquisadores acreditam que o tecido adiposo, mais presente nos pacientes obesos, seria um importante reservatório de vírus.

Isso sem ainda mencionar que existe uma inflamação crônica nas pessoas com obesidade, o que somado à Covid-19, favorece a coagulação intravascular disseminada, chamada de “tempestade de citocinas”.

As citocinas são moléculas que participam da comunicação entre as células e desempenham um papel particularmente importante na regulação do sistema imunológico, acelerando o processo inflamatório para lidar com infecções.

Portanto, os médicos devem conscientizar os seus pacientes a não relaxarem nos cuidados, como não interromper tratamentos para o emagrecimento saudável e continuar praticando atividades físicas regularmente.

Gestantes com diabetes

Em relação às gestantes, já se sabe que elas também têm mais riscos se contraírem a forma mais grave da Covid-19, como explica Airton Golbert.

“Essa doença pode trazer muitos riscos para mãe e feto, podendo levá-los para a UTI e, muitas vezes, com a mãe ou os dois morrendo durante a internação. Isso é um risco importante, tanto que o Ministério da Saúde emitiu uma nota técnica que recomenda que grávidas, com qualquer fator de risco, entre eles obesidade, diabetes e hipertensão, tenham prioridades para serem vacinadas. Ainda não sei como ficará isso em relação à idade, mas todas as gestantes têm maior risco, não apenas as com comorbidades”, diz.

O grande problema é que as gestantes não foram contempladas nas pesquisas clínicas das vacinas que são usadas no Brasil. No entanto, já existem muitas pacientes gestantes vacinadas nos Estados Unidos.

“Foi publicado que em um grupo de 300 gestantes, que utilizou a vacina da Pfizer, não houve problemas para as gestantes, nem para os bebês. Inclusive os bebês nasceram com anticorpos, o que é uma coisa boa, sem nenhum efeito danoso. Mas isso não está completamente elucidado Então, ainda existe uma dúvida. Mas na dúvida, o risco de problemas, de efeitos adversos das vacinas é muito menor do que o risco da Covid-19 nas gestantes, que é mais grave do que para a população em geral”, esclarece o coordenador do Departamento de Diabetes e Gestação da SBD.

Desde dezembro de 2020, quando as vacinas da Moderna e da Pfizer foram liberadas nos Estados Unidos, mais de 10 mil grávidas foram vacinadas contra a Covid-19. E, até o momento, não foi observado nenhum sinal de alerta pelas autoridades médicas.

“Por todas essas razões, nós da SBEM e da SBD sugerimos que tantos as mulheres e homens obesos, e as mulheres que estejam grávidas com diabetes, recebam a vacina. Esperamos que os governos estaduais, que determinam esta prioridade, coloquem estes grupos como grupos prioritários”, conclui o médico Airton Golbert.

*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED

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