Covid-19: Quais os cuidados necessários em crianças com doenças crônicas?

O distanciamento social durante a Covid-19 afetou radicalmente a rotina de todas as crianças, principalmente aquelas com doenças crônicas.

O distanciamento social durante a pandemia do novo coronavírus afetou radicalmente a rotina de todas as crianças, principalmente aquelas com doenças crônicas, como hemofilia e diabetes.

A falta de atividades extracurriculares e convivência refletem diretamente no humor e no comportamento delas. Neste cenário, os médicos devem orientar os pais a adotarem uma estratégia diferente, continuando com o distanciamento social, mas incluindo atividades que utilizam o corpo e a criatividade para que os filhos gastem energia com qualidade.

O contato com um médico de confiança também é essencial para esclarecer dúvidas sobre as dificuldades e os incidentes que podem acontecer.

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De acordo com as publicações científicas, somente 0,4% das crianças apresentam complicações diante da infecção por Covid-19. Dessa forma, um ponto importante é acompanhar o quadro infeccioso, que em sua maioria têm pouco ou nenhum sintoma.

“Em caso de manutenção de febre, desconforto respiratório, estado geral comprometido, pode ser necessário internação para seguimento do quadro. Caso haja necessidade de internação, o pediatra deve sempre entrar em contato com o serviço referência, que o orientará a necessidade de reposição de fator e sua frequência”, explica a hematologista pediátrica, Christiane Pinto.

menino de máscara que possui doenças crônicas

Boa qualidade de vida e tratamento adequado

Segundo a especialista, é possível que as crianças com hemofilia tenham uma boa qualidade de vida com o tratamento adequado, desde que sejam tomados alguns cuidados.

“Traumas, batidas ou quedas, por exemplo, são perigosas, pois podem levar a sangramentos. Por outro lado, a permanência dentro de casa pode causar ansiedade e agitação. Por isso, é importante um olhar atento dos pais e um bom diálogo”, reforça Christiane Pinto, que trabalha no Serviço de Hemofilias e Coagulopatias Hereditárias da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

A hemofilia é uma doença da coagulação que não mostrou estar associada a complicações perante a infecção de Covid-19. Portanto, as orientações dadas aos pediatras são manter o tratamento prévio do portador de hemofilia e acompanhar os sintomas, da mesma forma que seria realizado nas crianças sem hemofilia.

“Caso haja algum caso de síndrome inflamatória multissistêmica ou necessidade de procedimento invasivo, deve-se entrar em contato com o serviço que segue o paciente, para a melhor adequação da reposição do fator deficiente. As crianças com hemofilia fazem seguimento em serviços de referência, que costumam estar à disposição para maiores esclarecimentos, caso haja alguma dúvida quanto ao andamento dos sintomas do paciente”, esclarece Christiane Pinto.

Importância da manutenção da rotina

Já no caso de crianças com diabetes, em especial, é necessário que a rotina alimentar seja mantida, com os esquemas de aplicação de insulina e da prática de atividades físicas, que podem ser realizadas nas áreas ao ar livre.

“É muito importante manter o acompanhamento, mesmo em tempos de pandemia. Aplicativos e softwares de análise são úteis para os pacientes compartilharem os seus dados de glicemia e bomba de insulina com seus profissionais de saúde mesmo à distância”, orienta Mariana Pereira, endocrinologista e consultora da Roche Diabetes.

De acordo com a terapeuta ocupacional e pedagoga Ariane Stefanelli, estabelecer uma nova rotina para pais e crianças pode ser uma boa saída.

“A escola precisa estar incluída no dia a dia, mas a brincadeira e a tranquilidade devem estar presentes. É preciso ser criativo, fugir dos aparelhos eletrônicos, com jogos e brincadeiras, adaptando atividades físicas”, explica a profissional que atua no Ambulatório de Hemofilia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

No caso de crianças com doenças crônicas, os cuidados precisam ser maiores.

“Desde muito cedo trabalhamos a conscientização da hemofilia e agora é o momento para reforçá-la por meio da conversa. Com seis anos, por exemplo, os pacientes se comparam com os amigos e podem desenvolver comportamentos ruins para o controle da doença, como esconder os machucados, não querer fazer o tratamento. Então, é importante explicar de forma didática, com abordagens lúdicas e criativas, apostar em jogos de tabuleiros e culturais”, diz Ariane Stefanelli.

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Equipe multidisciplinar

Ela acredita que este é o momento do fortalecimento do vínculo familiar, a valorização do simples e do afeto. “Os pais hoje precisam de um outro olhar e tolerância para a criança, reaprender com a limitação que seu filho tem”, afirma a terapeuta ocupacional.

A atuação de uma equipe multidisciplinar é fundamental no acompanhamento dos pacientes portadores de doenças da coagulação. “Essa equipe deve atuar conjuntamente na educação do paciente quanto a importância de seguimento adequado e de seu tratamento. Pode auxiliar junto a dificuldades sociais, reabilitação caso haja algum caso grave, acompanhamento para prevenção de complicações e manutenção da saúde dos pacientes”, reforça Christiane Pinto.

*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED

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