Cuidados de enfermagem ao paciente com Tetralogia de Fallot

O manejo clínico e tratamento da Tetralogia de Fallot vai variar de acordo com a gravidade da estenose pulmonar.

A Tetralogia de Fallot é um defeito cardíaco congênito caracterizado por comunicação interventricular, estenose da artéria pulmonar, destroposição da artéria aorta e hipertrofia do ventrículo direito. O impacto hemodinâmico dessa condição é variável de acordo com o nível de estenose pulmonar, comunicação entre os ventrículos, e consequentemente, da resistência pulmonar e sistêmica ao fluxo sanguíneo provocada.  

Em casos em que o defeito no septo cardíaco é grande, as pressões no interior do ventrículo esquerdo e direito se tornam iguais. Se a resistência vascular pulmonar for maior do que a resistência vascular sistêmica, o desvio se torna no sentido da direita para a esquerda. Do contrário, se a resistência vascular sistêmica for maior do que a pulmonar, o desvio ocorre no sentido da esquerda para a direita.  

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A estenose pulmonar provoca uma redução no volume sanguíneo que se oxigena nos pulmões e se distribui sistemicamente. Dessa forma, os pacientes que nascem com essa condição apresentam hipoxemia e aparência cianótica. A cianose pode ser aguda ao nascimento ou branda, de acordo com a gravidade da estenose pulmonar, que pode progredir no primeiro ano de vida.  

Sopro cardíaco, baqueteamento dos dedos, taquipneia, são também manifestações clínicas. Caso a demanda de oxigênio seja maior do que o suprimento, como nos momentos de choro, a criança pode apresentar anóxia, risco de embolia, convulsões, perda da consciência ou morte súbita.   

Manejo

O manejo clínico e tratamento da Tetralogia de Fallot vai variar de acordo com a gravidade da estenose pulmonar. A abordagem clínica e cirúrgica são necessárias. O manejo clínico consiste em manter a hemoglobina dentro dos níveis de normalidade, reverter as crises hipoxêmicas, em casos de hipotensão, orientar a criança (ou o cuidador) a deitar e abraçar os joelhos sobre o tórax; Oxigênio suplementar, se necessário, se a criança estiver em ventilação mecânica, mantê-la bem sedada; em casos graves, utilizar prostaglandina E1 para manter o canal arterial patente até a cirurgia. 

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Em lactentes graves, que não possuem condições de serem submetidos ao reparo completo inicialmente, a abordagem consiste na cirurgia de Blalock-Taussig modificada já no período neonatal. Este é um procedimento paliativo para aumentar o fluxo sanguíneo pulmonar e a saturação de oxigênio, a partir da interposição de um tubo Gore Tex, da artéria subclávia a artéria pulmonar. Entretanto, o fluxo do desvio pode ser excessivo e resultar na distorção da artéria pulmonar, sendo este um procedimento que deve ser evitado.  

Intervenção cirúrgica

Em casos moderados, a correção cirúrgica pode ser realizada entre o 4° e 24° mês de vida do lactente, geralmente ainda no primeiro ano. Uma esternotomia e uso de bypass cardiopulmonar é necessário para abordar o fechamento da comunicação entre os ventrículos, ressecção da estenose pulmonar e colocação de um retalho pericárdio para alargar o trato de efluxo ventricular direito. 

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Referências bibliográficas: 

  • Heng EL, Bolger AP, Kempny A, et al. Neurohormonal Activation and its Relation to Outcomes late After Repair of Tetralogy of Fallot. Heart. 2015;101(6):447-54. doi10.1136/heartjnl-2014-306398   
  • Rosa RCM, Rosa RFM, Zen PRG, et al. Cardiopatias congênitas e malformações extracardíacas. Rev. Paul. Pediatr. 2013; 31(2): 243-51. doi: 10.1590/S0103-05822013000200017
  • Atik E. Tratamento Farmacológico na Cardiologia Pediátrica. Os Avanços e o Manejo Específico em cada Síndrome. Arq. Bras. Cardiol. 2002; 79(6):561-3. doi: 10.1590/S0066-782X2002001500001  
  • Moraes Neto F, Gomes CA, Lapa C, et al. Tratamento Cirúrgico da Tetralogia de Fallot no Primeiro Ano de Vida. Rev. Bras. Cir. Cardiovasc. 2000;15(2):143-53. 
  • Hockenberry MJ, Wilson DW. Fundamentos de Enfermagem Pediátrica. 9ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014. 

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