Dia do Autismo: o que pode ter relação com o aumento de diagnósticos?

Um estudo avaliou o aumento de diagnósticos de TEA e suas associações. No Dia Mundial de Conscientização do Autismo trouxemos os resultados.

Um estudo realizado no Reino Unido demonstrou que aproximadamente 1 em 57 (1,76%) crianças apresenta transtorno do espectro autista (TEA) e que essas crianças são muito mais propensas a enfrentar disparidades sociais significativas. Hoje, no Dia Mundial de Conscientização do Autismo, vamos trazer os resultados apresentados.

O artigo Association of Race/Ethnicity and Social Disadvantage With Autism Prevalence in 7 Million School Children in England foi publicado na edição de março de 2021 do jornal JAMA Pediatrics e foi conduzido por pesquisadores das Universidades de Cambridge e Newcastle (Reino Unido) e Maastricht (Holanda).

mãos segurando a fita símbolo do Dia Mundial de Conscientização do Autismo

Transtorno do espectro autista

A prevalência global de TEA foi relatada entre 1 e 2% da população, havendo poucas pesquisas em negros, asiáticos e outros grupos de minorias raciais/étnicas. No entanto, estimativas precisas da prevalência de TEA são vitais para o planejamento de serviços de diagnóstico, educação, saúde e assistência social e podem detectar possíveis barreiras de acesso a serviços de diagnóstico e desigualdades com base nos determinantes sociais da saúde.

Sendo assim, o objetivo do estudo foi avaliar se a desvantagem socioeconômica está associada à prevalência de TEA e a probabilidade de acesso a serviços especializados em minorias raciais/étnicas e grupos desfavorecidos na Inglaterra.

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Foi realizado um estudo de caso-controle usando o Spring School Census 2017 do Pupil Level Annual Schools Census of the National Pupil Database, uma amostra total da população que inclui todas as crianças, adolescentes e adultos jovens ingleses com idades entre 2 e 21 anos com educação financiada pelo Estado. Os dados foram coletados em 17 de janeiro de 2017 e analisados no período entre 2 de agosto de 2018 e 28 de janeiro de 2020.

A amostra populacional final consistiu em 7.047.238 alunos. Destes, 50,99% eram meninos, com idade média de 10,18 anos. Foram incluídos 119.821 alunos com TEA, dos quais 21.660 também tinham dificuldades de aprendizagem (18,08%). A prevalência padronizada de TEA foi de 1,76%, com os meninos apresentando uma prevalência de 2,81%. A prevalência em meninas foi de 0,65%, com uma proporção masculino/feminino de 4,32: 1.

Resultados

A prevalência foi mais alta em alunos de etnia negra (2,1%) e mais baixa em ciganos (0,85%), sendo essas estimativas as primeiras a serem publicadas para essas populações. Alunos com histórico de autismo nas escolas eram 60% mais propensos a serem socialmente desfavorecidos e 36% menos propensos a falar inglês. Os resultados revelam diferenças significativas na prevalência do autismo, conforme registrado em sistemas escolares formais, entre grupos étnicos e localização geográfica.

Os resultados obtidos com esse estudo em larga escala mostram diferenças nas estimativas de prevalência de TEA entre grupos de minorias raciais/étnicas na Inglaterra, que podem ser atribuídas a vieses de diagnóstico, possíveis diferenças na detecção e encaminhamento ou prevalência fenotípica diferencial para grupos de minorias raciais/étnicas.

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Prevalência mais alta em grupos de minorias raciais/étnicas também foi relatada para outras condições de neurodesenvolvimento, como esquizofrenia, com minoria racial/étnica e status de imigração associados a maior risco de desenvolver psicose. A grande sobreposição genética entre essas duas condições de neurodesenvolvimento deve ser levada em consideração ao investigar possíveis ligações entre a imigração e a minoria racial/étnica e o status de TEA.

Os pesquisadores acreditam que é crucial avaliar a interseção das políticas de TEA e de saúde pública, bem como suas suposições sobre grupos de minorias raciais/étnicas, imigrantes e outras populações tipicamente carentes. A relevância dessa pesquisa consiste no fato de entender melhor quais alunos recebem um diagnóstico de TEA, quando o recebem, que tipo de apoio é fornecido a eles e, o mais importante, em que grau os determinantes sociais de saúde, imigração e raça/etnia afetam o status de TEA.

Dia Mundial de Conscientização do Autismo

Publicado próximo ao Dia Mundial de Conscientização do Autismo, esse artigo é um grande avanço nas pesquisas para compreensão desse transtorno. De fato, os casos de TEA vêm aumentando globalmente a cada ano, porém ainda há muito desconhecimento em relação aos seus critérios diagnósticos e ao seu manejo.

O reconhecimento e a intervenção precoces podem restabelecer o aprendizado, a comunicação, as habilidades sociais e o desenvolvimento cerebral do portador de TEA, melhorando a qualidade de vida não somente do paciente, mas também de toda sua família.

Referência bibliográfica:

  • Roman-Urrestarazu A, van Kessel R, Allison C, Matthews FE, Brayne C, Baron-Cohen S. Association of Race/Ethnicity and Social Disadvantage With Autism Prevalence in 7 Million School Children in England [published online ahead of print, 2021 Mar 29]. JAMA Pediatr. 2021;e210054. doi: 10.1001/jamapediatrics.2021.0054

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