No dia 15 de maio comemora-se o Dia Nacional de Sensibilização do Método Canguru, uma estratégia que iniciou-se há 22 anos no Brasil, com o objetivo de reduzir muitas complicações associadas ao nascimento prematuro.
A Norma de Atenção Humanizada ao Recém-Nascido de Baixo Peso: Método Canguru recebeu influência da Colômbia, onde foi iniciada a estratégia por uma grande escassez de recursos da região como incubadoras, elevada taxa de infecção e baixa adesão ao aleitamento materno. Ações como presença da mãe na unidade neonatal, contato pele a pele, incentivo ao aleitamento materno e a alta precoce são diretrizes utilizadas na estratégia.
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Etapas do método
O Método Canguru é desenvolvido em três etapas: a primeira se inicia no pré-natal da gestação de risco seguido da internação do recém-nascido (RN) na unidade neonatal com ações de acolhimento aos pais e família na unidade, propiciar o contato com o RN, diminuição dos níveis de estímulos ambientais adversos, posicionamento adequado do RN, oferecer suporte à amamentação, dentre outros.
Na segunda etapa, quando o RN permanece na Unidade Canguru de maneira contínua com sua mãe e na posição canguru pelo maior tempo possível. Para elegibilidade e permanência nessa etapa, devem ser seguidos os seguintes critérios: estabilidade clínica, nutrição enteral plena, peso mínimo de 1.250 gramas, desejo da mãe em participar, capacidade da mãe ou do pai em reconhecer sinais e situações de risco do RN e conhecimento e habilidade no manejo do RN na posição canguru.
A partir de 1.600 gramas e com sucção exclusiva em seio materno, o recém-nascido prematuro já pode ter alta hospitalar (terceira etapa) com segurança, desde que seus cuidadores sejam precocemente incentivados à realização de cuidados desde a internação na unidade neonatal.
Deve ser assegurado o acompanhamento ambulatorial até o RN atingir o peso de 2.500 gramas e com realização da primeira consulta até 48 horas após a alta, seguido de, no mínimo, consultas uma vez por semana, além de garantia de atendimento na unidade hospitalar de origem até a alta desta última etapa.
O método apresenta suas bases em um modelo de cuidados voltados para o neurodesenvolvimento do recém-nascido, NIDCAP, a sigla para Newborn Individualized Developmental Care and Assessment Program baseada no modelo da teoria síncrono-ativa de Heidelise Als (1982). A teoria proposta por Heidelise Als considera que o recém-nascido possui subsistemas que estão em desenvolvimento progressivo, porém interagem entre si e com o ambiente.
Desta forma, a Teoria de Als baseia-se no respeito a sinais (“pistas”) apresentadas pelos bebês de forma sutil, mas fundamental no desempenho dos cuidados, a fim de não prejudicar o curso do desenvolvimento natural deles. Desta forma, os bebês são considerados indivíduos, pessoas, colaboradores no cuidado, apoiados e nutridos por seus pais.
Os pais são considerados os principais nutridores, defensores e cuidadores dos bebês, bem como colaboradores nas decisões de cuidados. Os membros são considerados os principais apoiadores de pais e bebês. Profissionais e equipe são parceiros no cuidado com bebês, pais e familiares.
O ambiente e a cultura do berçário e do hospital estão focados na eficácia do suporte, e orientação para o relacionamento familiar, e a promoção da saúde individualizada, crescimento, fortalezas e desenvolvimento saudável dos recém-nascidos no contexto da família e sociedade.
Análise
Uma revisão realizada pela Cochrane Review em 2016 também constata que o Método é capaz de reduzir os indicadores de morbimortalidade entre recém-nascidos de baixo peso mesmo em contexto assistenciais de cuidados de baixos recursos, além de outras vantagens:
- Redução de infecção hospitalar;
- Aumento da taxa de adesão ao aleitamento materno;
- Redução de infecções no trato respiratório inferior;
- Redução de enfermidades graves;
- Maior ganho ponderal diário.
Com tantas vantagens, não tem como não apoiar e fortalecer o Método nas unidades neonatais brasileiras. O conhecimento de profissionais e a incorporação das famílias no cuidado aos bebê prematuros são importantes ferramentas para a saúde neonatal.
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Confira o vídeo do Ministério da Saúde no link: https://youtu.be/IhKyaqGX_MQ
Autores(as):
Adriana Teixeira Reis
Dra e Mestre em Enfermagem. Especialista em Neonatologia, Pediatria e Gestão Hospitalar. Atua atualmente com temas Controle de Infecção e Segurança do Paciente. Docente da UERJ, IFF e convidada em outras instituições. Atua também em consultoria de Controle de Infecção, Qualidade e Segurança do Paciente.
Priscilla Barboza Paiva
Enfermeira Especialista em Controle de Infecção Hospitalar. Professora da Universidade Estácio de Sá e UFF. Enfermeira CIH do IFF/FIOCRUZ e Hospital Rio Mar Rede D’Or (HRM).
Camila Tenuto
Enfermeira (EEAAC/UFF) • Especialista em Terapia Intensiva Neonatal (IFF/FIOCRUZ) • Especialista em Terapia Intensiva (UNYLEYA) • Discente do Mestrado Profissional em Ensino na Saúde (EEAAC/UFF) • Enfermeira rotina do CTI Geral (HUPE/UERJ).