Efeito do tempo de puxos no 2º estágio na morbidade do assoalho pélvico pós-parto

Foi publicado um estudo com objetivo de avaliar a influência do momento do puxo nas injúrias perineais, com uma amostra mais significativa.

As desordens do assoalho pélvico, como incontinência urinária, prolapsos uterovaginais e incontinência anal são causas comuns de procura em consultas ginecológicas. Nos Estados Unidos, 25% das queixas estão relacionadas a esses problemas e 20% acabam precisando de correções cirúrgicas. O desenvolvimento dessas modificações no assoalho pélvico não tem etiologia única ou fácil de se estabelecer, mas sabemos que o parto normal está entre as etiologias. A assistência ao segundo estágio do parto (período desde a dilatação completa até o nascimento) é vital para prevenir ou suscitar alterações perineais.  

A assistência dada a esse período pode potencializar os defeitos ou prevenir cirurgias futuras, dependendo das escolhas que os profissionais fazem para auxílio a esse momento. O uso de fórceps por exemplo associa-se a um, aumento de sete vezes o risco de injúria ao assoalho pélvico em relação ao parto espontâneo. Discute-se ainda a realização de puxos dirigidos desde o início do período ou a liberdade dos puxos de acordo com desejo materno como fatores de injúria.  

Métodos 

Em 2017, uma revisão Cochrane comparou, em uma pequena amostra de 178 nulíparas, puxos precoces com tardios e sua relação com morbidade perineal, concluindo que não há diferença final com relação às taxas de incontinência urinária, fecal ou dispareunia, apesar da amostra pequena.  

Agora em 2023, foi publicado um novo estudo, com objetivo secundário de avaliar a influência do momento do puxo nas injúrias perineais, com uma amostra mais significativa. Entre 2.414 participantes nulíparas (sem outros partos) com analgesia regional durante o segundo estádio parto (630 seriam necessárias para um poder de detecção de 40% diferença em avaliar lacerações de 2º grau ou mais e prolapso órgãos pélvicos em estádio 2 ou maior), 941 (39%) receberam assistência ao assoalho pélvico sendo 452 com puxos imediatos a partir da dilatação total e 489 com puxos tardios.  

Os desfechos estudados foram lacerações perineais de grau 2 ou mais, evolução com prolapso genital e informe de sintomas de assoalho pélvico (perda urinária ou fecal e dispareunia).  

Resultados 

As pacientes foram avaliadas em períodos de seis semanas e seis meses após os partos para colher respostas a questionários sobre micção, evacuação e dispareunia e realização de exames como USG 3D para possíveis injúrias musculares pélvicas.  

Após as avaliações clínicas e de exames complementares para estratificação de patologias perineais em ambos os grupos (puxo precoce e tardio) os autores não encontraram diferenças significativas para os resultados testados (incontinência urinária e fecal, dispareunia e prolapso pélvico) em conformidade com o estudo prévio de 2017. 

Leia também: Como via de parto e paridade contribuem em casos de prolapso genital?

Conclusão e mensagem prática 

Este estudo com amostra significativa e randomização ainda sugere a segurança de utilizar os puxos precoces para evitar hemorragia puerperal, coriomanionite e acidose fetal com a abreviação do período expulsivo com o uso de puxos mais cedo no segundo estágio de parto.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo

Selecione o motivo:
Errado
Incompleto
Desatualizado
Confuso
Outros

Sucesso!

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo.

Você avaliou esse artigo

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Baixe o Whitebook Tenha o melhor suporte
na sua tomada de decisão.
Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Tuuli, Methodius G. MD, MBA; Gregory, W. Thomas MD; Arya, Lily A. MD, MS; Lowder, Jerry L. MD, MS; Woolfolk, Candice PhD; Caughey, Aaron B. MD, PhD; Srinivas, Sindhu K. MD, MSCE; Tita, Alan T. N. MD, PhD; Macones, George A. MD, MSCE; Cahill, Alison G. MD, MSCI; Richter, Holly E. PhD, MD. Effect of Second-Stage Pushing Timing on Postpartum Pelvic Floor Morbidity: A Randomized Controlled Trial. Obstetrics & Gynecology 141(2):p 245-252, February 2023. | DOI: 10.1097/AOG.0000000000005031