Após a pandemia da covid-19 se notou um aumento de casos de doenças autoimunes (DAs) como mielite transversa, Guillain-Barré, espondiloartrite, artrite reumatoide, doença de Graves e tireoidite de Hashimoto. Contudo, apesar dos numerosos relatos de casos de doenças autoimunes (DAs) pós-covid-19 e de especulações sobre a via patológica, os estudos epidemiológicos concebidos para ilustrar essa relação foram limitados. Assim, um estudo de coorte retrospectivo atual buscou investigar o efeito da infecção pelo SARS-CoV-2 e da vacinação contra covid-19 na ocorrência de DA.
Leia também: A vacinação contra covid-19 aumenta o risco de reativação das doenças autoimunes?
Métodos do estudo sobre SARS-CoV-2 e doenças autoimunes
Foram identificados em Hong Kong 1.028.721 indivíduos com covid-19 e 3.168.467 não doentes em um banco de dados nacional em que foram avaliados os diagnósticos de DAs em ambientes hospitalares e ambulatoriais. A determinação de DAs foi feita por discussão com médicos locais de todas as especialidades e revisão da literatura de relatos de caso.
As DAs selecionadas incluíram doenças inflamatórias intestinais, anemia perniciosa, espondiloartrite, artrite reumatoide, dermatopolimiosite, outras artrites autoimunes, psoríase, alopecia areata, pênfigo vulgar, penfigoide, vasculite, tireoidite de Hashimoto, doença de Graves, síndrome do anticorpo antifosfolipídeo, trombocitopenia imunomediada, Síndrome de Guillain-Barré, encefalomielite disseminada aguda, mielite transversa, lúpus eritematoso sistêmico, doença de Sjogren, esclerose sistêmica, esclerose múltipla. Os resultados foram identificados com base na Classificação Internacional de Doenças, nona revisão.
Resultados
Esse amplo estudo de coorte conseguiu demonstrar um risco aumentado de doença autoimune em pacientes com covid-19, o que indica que a infecção é um fator de risco para DA, principalmente espondiloartrite, artrite reumatoide, artrites autoimunes, penfigoide, doença de Graves, síndrome do anticorpo antifosfolipídeo, trombocitopenia imunomediada, esclerose múltipla e vasculite.
Outro achado relevante do estudo foi que a vacina contra covid-19 reduziu o risco de algumas DAs, como pênfigo, trombocitopenia imunomediada, doença de Graves, lúpus, síndrome do anticorpo antifosfolipídeo e outras artrites autoimunes.
Conclusão e mensagem prática
Assim, os profissionais da saúde devem estar alertas para as sequelas autoimunes associadas à covid-19 que podem requerer um manejo clínico otimizado e de longo prazo. Esses achados reafirmam o perfil de segurança das vacinas e sugerem benefícios adicionais além da proteção contra o Sars-CoV-2.
3 abr. 2024 
5 min. 
