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Segundo o estudo Kinetics of viral clearance and antibody production across age groups in SARS-CoV-2 infected children publicado no The Journal of Pediatrics, anticorpos IgG anti-SARS-CoV-2 foram detectados em amostras de sangue de algumas crianças infectadas, antes que o vírus pudesse ser eliminado.
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Método
Nesse estudo, foram analisados, de forma retrospectiva, dados de crianças testadas para SARS-CoV-2 por RT-PCR e anticorpo IgG no Children’s National Hospital, um hospital pediátrico autônomo quaternário em Washington, DC, no período entre 13 de março a 21 de junho de 2020. Foram incluídos 6.369 pacientes submetidos a testes de RT-PCR e 215 pacientes que foram submetidos a teste de anticorpos. Durante o período inicial do estudo, a realização dos testes foi focada principalmente em crianças sintomáticas. Já o último período de estudo incluiu pacientes assintomáticos que foram submetidos a testes de pré-admissão ou triagem pré-procedimento. Os pesquisadores relataram a proporção de testes positivos e negativos, o tempo para eliminação viral e o tempo para a soropositividade.
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A taxa de positividade variou ao longo do tempo devido à circulação viral na comunidade e à transição do teste direcionado de pacientes sintomáticos para uma triagem mais universal de pacientes hospitalizados. A duração média da liberação viral (positividade de RT-PCR) foi de 19,5 dias e o tempo desde a positividade de RT-PCR até a negatividade foi de 25 dias. Em 10 pacientes, esse tempo foi superior a 30 dias, com um máximo de 62 dias.
Os pesquisadores ressaltaram que pacientes de 6 a 15 anos demoraram mais para negativar o RT-PCR (mediana de 32 dias), enquanto pacientes de 16 a 22 anos obtiveram negatividade após 18 dias (P = 0,015). Já os pacientes com idade entre 0 e 5 anos tiveram um tempo mediano de 22 dias para negativar. Apesar das diferenças entre os grupos etários, não foi encontrada nenhuma diferença geral no tempo para negativação para pacientes do sexo feminino (mediana = 26 dias) versus do sexo masculino (mediana = 25 dias).
Limitações
O estudo apresenta algumas limitações: é retrospectivo e o tempo de detecção de vírus e o teste de anticorpos foram feitos a critério do fornecedor do pedido, e não em intervalos de tempo definidos. Não foram incluídos o início dos sintomas porque o projeto foi baseado exclusivamente na avaliação de dados laboratoriais. Além disso, o ensaio sorológico usado no estudo teve 94,3% de concordância positiva e 100% negativa com um teste comparativo ligado a ensaio por enzimas imunoadsorvidas. Por fim, dada a baixa concordância positiva ideal, alguns resultados falsos negativos são esperados.
Conclusão
Esse estudo concluiu que a maioria dos pacientes crianças demonstrou um período prolongado de eliminação viral após a infecção com SARS-CoV-2, porém não se sabe se isso se correlaciona com infectividade persistente. Apenas 17 de 33 pacientes demonstraram anticorpos neutralizantes adequados durante o período de coleta da amostra. Entretanto, ainda não se sabe se o anticorpo IgG contra estruturas da proteína de pico se correlaciona com a imunidade e por quanto tempo os anticorpos e a proteção potencial persistem.
Autor(a):
Graduada em Medicina pela Faculdade de Medicina de Valença ⦁ Residência médica em Pediatria pelo Hospital Federal Cardoso Fontes ⦁ Residência médica em Medicina Intensiva Pediátrica pelo Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro. Mestra em Saúde Materno-Infantil (UFF) ⦁ Doutora em Medicina (UERJ) ⦁ Aperfeiçoamento em neurointensivismo (IDOR) ⦁ Médica da Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP) do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) da UERJ ⦁ Professora de pediatria do curso de Medicina da Fundação Técnico-Educacional Souza Marques ⦁ Membro da Rede Brasileira de Pesquisa em Pediatria do IDOR no Rio de Janeiro ⦁ Acompanhou as UTI Pediátrica e Cardíaca do Hospital for Sick Children (Sick Kids) em Toronto, Canadá, supervisionada pelo Dr. Peter Cox ⦁ Membro da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) ⦁ Membro do comitê de sedação, analgesia e delirium da AMIB e da Sociedade Latino-Americana de Cuidados Intensivos Pediátricos (SLACIP) ⦁ Membro da diretoria da American Delirium Society (ADS) ⦁ Coordenadora e cofundadora do Latin American Delirium Special Interest Group (LADIG) ⦁ Membro de apoio da Society for Pediatric Sedation (SPS) ⦁ Consultora de sono infantil e de amamentação.
Referências bibliográficas:
- Bahar B, Jacquot C, Mo YD, DeBiasi RL, Campos J, Delaney M. Kinetics of viral clearance and antibody production across age groups in SARS-CoV-2 infected children. J Pediatr. 2020 Sep 2:S0022-3476(20)31114-8. doi: 10.1016/j.jpeds.2020.08.078. Epub ahead of print. PMID: 32891640; PMCID: PMC7468315.