Entorse de tornozelo: quando solicitar radiografia?

Quando o paciente dá entrada no serviço de urgência e emergência com entorse de tornozelo sempre surge a dúvida: radiografar ou não a lesão?

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Não é raro que apareçam casos de torção de tornozelo no cenário da atenção primária ou do serviço de urgência e emergência. Quando isso acontece sempre surge a dúvida: radiografar ou não a entorse de tornozelo? Esse tipo de situação pode fazer com que lesões simples sejam avaliadas com radiografia sem necessidade, gerando um impacto alto no custo final do serviço de saúde. Ou ainda que lesões graves passem despercebidas, gerando prejuízos ao paciente.

No cenário brasileiro em que frequentemente se enfrenta a escassez de recursos, saber quando há essa necessidade pode significar melhor gestão de recursos decidindo quais casos encaminhar ou não para avaliação de imagem.

Leia mais: “Torci o tornozelo, mas não quebrei, pois estou andando!” Verdade ou mito?

Pensando nisso, um grupo canadense avaliou no serviço de urgência em um estudo fase três para avaliar quais eram as lesões mais comuns em pacientes com entorse de tornozelo. A partir de então quais seriam os sinais mais frequentes entre aqueles que haviam fratura e finalmente testaram os sinais clínicos daqueles que necessitavam da radiografia. Desse estudo surgiram os critérios de Ottawa para entorse de tornozelo.

Esses critérios simples aplicáveis em quaisquer serviços sem necessidade de alta complexidade apresentam 100% de sensibilidade para lesões que necessitam de avaliação radiográfica em adultos com entorse de tornozelo. Os critérios estão listados a seguir conforme ilustra a figura extraída do artigo original.

entorse de joelho
Adaptado da versão em português das Regras de Ottawa

A radiografia de tornozelo é necessária em caso de dor na região maleolar e em caso de algum dos seguintes achados:

  1. Dor à palpação óssea na borda posterior do maléolo lateral (Ponto A);
  2. Dor à palpação óssea na borda posterior do maléolo medial (Ponto B);
  3. Incapacidade de suportar o peso logo após o entorse e no momento da avaliação médica;

Já a radiografia do pé é necessária em caso de dor na região média do pé em conjunto com um dos seguintes achados:

  1. Dor à palpação óssea na base do 5º metatarso (Ponto C);
  2. Dor à palpação óssea no osso navicular (Ponto D);
  3. Incapacidade de suportar o peso logo após o entorse e no momento da avaliação médica.

Vale lembrar que os critérios não são aplicáveis à crianças e que perdem sua sensibilidade na presença de edema, lesões corto-contusas e quando se distanciam muito os momentos da lesão e da avaliação médica.

Pronto, agora você já é capaz de responder à pergunta inicial: entorse de tornozelo, radiografar ou não? Demais condutas você encontra na sessão de ortopedia do aplicativo Whitebook, e em seu próximo plantão você já saberá como agir.

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Referências:

  • Stiell IG, McKnight RD, Greenberg GH, et al. Implementation of the Ottawa Ankle Rules. JAMA.1994;271(11):827–832.
  • Boutis, K., Grootendorst, P., Willan, A., Plint, A. C., Babyn, P., Brison, R. J., Sayal, A., Parker, M., Mamen, N., Schuh, S., Grimshaw, J., Johnson, D., … Narayanan, U. (2013). Effect of the Low Risk Ankle Rule on the frequency of radiography in children with ankle injuries. CMAJ : Canadian Medical Association journal = journal de l’Association medicale canadienne, 185(15), E731-8

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