O diagnóstico da disfunção do nodo sinusal é realizado na presença de sintomas de baixo débito associados à evidência de uma bradicardia inapropriada, seja no ECG ou no Holter, de FC < 40 bpm, ritmo de escape e/ou uma pausa significativa. Neste cenário, o marcapasso (MP) é a terapia indicada.
A fim de preservar a sincronia atrioventricular, o modo mais utilizado é o MP DDD, de dupla câmara. Contudo, um problema que pode surgir no longo prazo é que a estimulação atrial no MP pode estar associada com maior risco de fibrilação atrial.
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Métodos
Neste estudo foram comparadas duas técnicas de estimulação. Em uma, o MP foi programado tradicional: o cabo atrial captava o estímulo do paciente e mantinha uma FC mínima de 60 bpm, com modulação de frequência conforme esforço físico (DDD-R, “rate control”). No outro grupo, o MP ficou com FC mínima menor, em 40 bpm, e sem a modulação DDD-R.
O desfecho primário foi a ocorrência de FA, com duração mínima de seis minutos, ao longo de dois anos. Foram incluídos 539 pacientes, com média idade 73 anos e 48% de mulheres.
Resultados
Os resultados mostraram uma incidência de FA de 46%, igual em ambos os grupos. Em desfechos secundários, a qualidade de vida, o teste de 6 minutos e a mortalidade foram também iguais entre os grupos. Contudo, a ocorrência de sintomas de baixo débito (síncope ou lipotimia) foi maior no grupo DDD-40 (22% vs 13%, com um risco relativo de 1,71 e p < 0,05), mostrando que a programação com mínimo de 60 bpm e ajuste “rate control” é de fato um método que melhora a adaptação do paciente com MP nas atividades do cotidiano.
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Conclusão e mensagem prática
A mensagem prática é que o marcapasso, apesar de ser a solução para muitas síndromes de bradiarritmia, não é isento de riscos, não só na inserção, como também para manter o débito adequado nas diferentes situações do cotidiano. Hoje, estuda-se a programação associada com menor disfunção do VD, menor risco de FA e menor persistência de sintomas de baixo débito. Na disfunção do nodo sinusal, a resposta é um MP DDD-R.