Escoliose idiopática da adolescência: visão prática para o médico da APS

A escoliose é uma alteração da estrutura da coluna encontrada comumente na prática clínica, principalmente em adolescentes.

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A escoliose é uma alteração da estrutura da coluna encontrada comumente na prática clínica, principalmente em adolescentes. Entre esses, o tipo mais comum é a escoliose idiopática do adolescente (EIA).

A escoliose idiopática do adolescente é uma alteração que ocorre mais comumente em meninas no período da puberdade. Apresenta relação com fatores genéticos, ambientais e biomecânicos, embora a relação entre esses fatores na patogênese da doença não seja completamente entendida.

O tratamento desse tipo de alteração é de custo elevado para o paciente – varia desde uso de coletes por até 23 horas por dia até cirurgias de correção da escoliose, que costumam ser traumáticas e dolorosas para os adolescentes.

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Todos esses fatores geram uma importância social da doença, com necessidade de discussão sobre os fatores causadores da doença e sobre o manejo em pacientes acometidos. Em geral, os profissionais de saúde que lidam com essas angústias são os profissionais da atenção básica, principalmente os Médicos de Família e Comunidade e os Pediatras, já que são esses profissionais que fazem os primeiros atendimentos dos pacientes dentro do sistema de saúde.

Pensando nisso, os autores libaneses Ismat Ghanem e Maroun Rizkallah produziram o artigo Adolescent idiopathic scoliosis for the primary care physician: frequently asked questions, publicado na revista Current Opinion in Pediatrics em fevereiro de 2019. O interesse artigo levanta e responde questões usualmente trazidas no consultório do médico da atenção primária.

Dentre os principais tópicos abordados pelo artigo, destacamos os seguintes:

  1. Uso de mochilas: O uso de mochilas pesadas ou com formatos inadequados pode contribuir para o desenvolvimento ou piora de lesões neuromusculares, mas não existe evidência científica que relacione o uso de tais mochilas com o desenvolvimento da EIA. Apesar disso, crianças que já apresentam escoliose podem ter maior prejuízo de seu quadro clínico relacionado com o uso das mochilas. Sendo assim, existe recomendação para que crianças que apresentem lesões de escoliose limitem o peso das mochilas em até 10% de seu peso corporal e usem a mochila de uma maneira simétrica, ou seja, com apoio em ambos os ombros.
  2. Atividade física: Existem preocupações em relação à prática de exercícios físicos e o desenvolvimento de EIA. Estudos recentes indicam que a prática de ballet e natação a nível profissional, principalmente quando iniciados antes dos sete anos de idade e com frequência e duração aumentada dos treinos estão associadas ao desenvolvimento da escoliose. Outros esportes e a prática de atividades físicas em níveis habituais (ou seja, treinamento não profissional) não aumentam o risco de EIA.
  3. Relações com saúde da mulher: Os estudos, de forma geral, não indicam piora em relação a questões de vida sexual e reprodutiva em meninas com escoliose idiopática, tanto naquelas tratadas conservadoramente quanto nas tratadas cirurgicamente. Alguns estudos indicam aumento no número de complicações obstétricas e aumento de dor lombar nessas pacientes, mas esses resultados não são estatisticamente significativos.
  4. Qualidade de vida: Os pacientes com EIA apresentam o mesmo nível de atividade física na vida adulta que os controles. Porém, os pacientes com tratamento cirúrgico efetuado na adolescência mostram um nível levemente reduzido de atividade física quando comparados aos pacientes com tratamento conservador. A qualidade de vida geral entre pacientes tratados (cirurgicamente ou conservadoramente) é idêntica aos pacientes não tratados.

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Referências:

  • GHANEM, Ismat; RIZKALLAH, Maroun. Adolescent idiopathic scoliosis for the primary care physician: frequently asked questions. Current opinion in pediatrics, v. 31, n. 1, p. 48-53, 2019.

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