ESICM 2023: Quando iniciar a terapia renal substitutiva na injúria renal aguda

Em pacientes com injúria renal aguda ficou evidente que a estratégia muito tardia foi associada a piores desfechos.

Nesta sessão do ESICM 2023, o professor Stephane Gaudry da França, principal autor dos maiores estudos no tema, apresentou a aula de quando devemos iniciar a terapia renal substitutiva nos pacientes com injúria renal aguda.  

Saiba mais: ESICM 2023: Discussão sobre fluidos nos diferentes cenários clínicos

Introdução 

O início da terapia renal substitutiva (TRS) tem indicação clássicas nas emergências dialíticas ameaçadoras a vida como hipercalemia, acidose e hipervolemia refratárias. Entretanto, na ausência dessas emergências, o timing ideal para iniciar a TRS nos pacientes com injúria renal aguda (IRA) era indefinido. 

Por este motivo, vários ensaios clínicos randomizados foram realizados para comparar a estratégia de TRS precoce (IRA KDIGO 2 e 3) x estratégia de TRS tardia (Ocorrência de complicações; não recuperação persistente da função renal e/ou Ureia >200mg/dl) nos pacientes com IRA. 

Esses estudos não demonstraram diferenças de desfechos clínicos entre os grupos e além disso, quase 50% dos pacientes randomizados para o grupo TSR tardia recuperaram a função renal e não precisaram iniciar TRS. 

Todavia, uma dúvida era até quando seria seguro manter uma uremia permissiva, sendo realizado o estudo AKIKI 2, comparando uma estratégia de início tardio da TRS (ureia >240mg/dl e/ou oliguria/anuria > 72horas) com uma estratégia muito tardia de TRS (ureia > 300mg/dl e/ou complicações) em pacientes com IRA. Esse estudo evidenciou que a estratégia muito tardia foi associada a piores desfechos. 

Logo, em pacientes com ureia >240mg/dl ou oligúria/anúria > 72horas a TRS está indicada, uma vez que, adiar o início da TRS não conferiu benefícios adicionais e foi associado a dano nesse subgrupo de pacientes.  

Logo podemos resumir as indicações abaixo: 

Quando iniciar terapia renal substitutiva na injúria renal aguda? 

  • Hipercalemia refratária 
  • Acidose Refratária (pH <7.15) 
  • Hipervolemia refratária a diuréticos 
  • Ureia > 240mg/dl  
  • Oliguria (diurese <0.3ml/kg/h ou 500ml/ dia) ou anúria (diurese <100ml/dia) persistente por um período maior que 72 horas.  

Leia também: ESICM 2023: Fluidos na síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA)

Mensagens para prática 

  • Na ausência de uma emergência dialítica ameaçadora a vida (hipercalemia, acidose, hipervolemia refratária), devemos considerar a indicação tardia de TRS na IRA.   
  • Entretanto, se ureia > 240mg/dl ou oliguria/anúria > 72 horas devemos indicar a TRS. 

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Gaudry S, Hajage D, et al. AKIKI Study Group. Initiation Strategies for Renal-Replacement Therapy in the Intensive Care Unit. N Engl J Med. 2016 Jul 14;375(2):122-33.  
  • Barbar SD, Clere-Jehl R, et al. IDEAL-ICU Trial Investigators and the CRICS TRIGGERSEP Network. Timing of Renal-Replacement Therapy in Patients with Acute Kidney Injury and Sepsis. N Engl J Med. 2018 Oct 11;379(15):1431-1442. 
  • Bagshaw SM, Wald R, et al. Timing of Initiation of Renal-Replacement Therapy in Acute Kidney Injury. N Engl J Med. 2020 Jul 16;383(3):240-251.  
    1. Gaudry S, Hajage D, et al. Comparison of two delayed strategies for renal replacement therapy initiation for severe acute kidney injury (AKIKI 2): a multicentre, open-label, randomised, controlled trial. Lancet. 2021 Apr 3;397(10281):1293-1300.