Estudo piloto aponta associação entre deficiência de ferro e saúde mental materna

Observou-se no Japão a prevalência de depressão pós-parto associada à deficiência de ferro em 31 mulheres. Conheça mais sobre os resultados.

A depressão perinatal é uma desordem mental que engloba a depressão do período pré-natal e a depressão do período pós-parto. A prevalência dessa desordem é de 5 a 5,5% no Japão, país onde foi desenvolvido o estudo aqui descrito.

Essa morbidade parece estar associada, entre outros fatores, à deficiência de ferro, de acordo com alguns estudos publicados anteriormente. Mas essa associação ainda merece ser mais bem estudada, com algumas lacunas na literatura.

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Estudo

Considerando que a deficiência de ferro é condição prevalente na gestação, decorrente do aumento das demandas gestacionais e da necessidade de suplementação, identificar essa deficiência parece importante, uma vez que provavelmente ao ser corrigida, diminui a incidência de doenças associadas, como a depressão perinatal mencionada e aqui estudada.

O estudo realizado por um grupo de pesquisadores japoneses da cidade de Kyoto envolveu a análise de dados de 31 mulheres. Elas tiveram sangue colhido para rotina pré-natal no início da gestação (< 16 semanas), entre 2018 e 2019. Juntamente com a rotina pré-natal foi analisado a dosagem de ferritina, para análise de deficiência de ferro.

As pacientes com anemia (Hb < 11 g/dL) foram excluídas da análise e então as mulheres foram divididas em dois grupos: deficiência de ferro (ferritina < 30 ng/mL) e grupo controle/normal (ferritina ≥30 ng/mL).

A saúde mental e depressão foram avaliados em dois momentos (durante a gestação [após 16 semanas] e um mês pós-parto) através do Edinburgh Postpartum Depression Scale (EPDS). Esse instrumento é utilizado rotineiramente no serviço em que a pesquisa foi desenvolvida e foi utilizado escore de 8/9 como cutoff.

Resultados

Entre as 31 mulheres estudadas, 13 (41,9%) apresentaram deficiência de ferro e 18 (58,1%) apresentavam ferritina normal. A média de ferritina no primeiro grupo foi 18,5 ± 5,8 ng/mL, enquanto no segundo grupo foi 74,7 ± 39,2 ng/mL.

Em relação aos escores EPDS, no grupo com deficiência de ferro a mediana foi 2,0 (2,0-3,3) durante a gestação e 5,0 (4,0-6,6) após um mês do parto). No grupo controle, os escores foram 4,5 (2,3-7,3) na gestação e 4,5 (2,3-5,7) no pós-parto. Após análise estatística, foi observado um óbvio aumento no escores em mulheres com deficiência de ferro (p=0,01562) e sem alteração no grupo controle (p=0,875). E quando comparado entre si, os dois grupos não mostraram diferença, ou seja, os escores durante a gestação e no pós-parto não mostraram alteração entre os grupos.

Apesar das limitações inerentes a todos os estudos, os autores referem que esse foi o primeiro estudo a analisar o estoque de ferro no início da gestação e comparar com depressão pós-parto. A ferritina que não é dosada de forma rotineira é o melhor exame para mostrar a deficiência inicial do ferro, uma vez que reflete os estoques desse mineral.

Essa deficiência, de forma geral, é fácil de ser corrigida quando identificada e parece melhorar os escores da ferramenta usada nesse estudo (EPDS).

 

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Ohsuga, T., Egawa, M., Kii, M., Ikeda, Y., Ueda, A., Chigusa, Y., Mogami, H. and Mandai, M. (2022), Association between nonanemic iron deficiency in early pregnancy and perinatal mental health: A retrospective pilot study. J. Obstet. Gynaecol. Res..https://doi.org/10.1111/jog.15397