Série Comunicação Médica: explorando a experiência da doença

No nono texto da Série Comunicação Médica, abordamos a experiência do paciente, os impactos da doença na sua vida e como melhorar o diálogo.

O processo de adoecimento é composto de múltiplas facetas na vida do paciente, indo muito além do conceito simples de uma alteração orgânica que gera sinais e sintomas clínicos objetivos. Passar por essa experiência envolve uma grande transformação subjetiva no indivíduo, acarretando mudanças em sua percepção corporal, seu sentimento de valor no mundo e sua potência em realizar objetivos diversos, como manter atividades físicas de que tanto gosta, ou continuar em seu papel social e familiar.

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O impacto da doença nessa esfera diversa da subjetividade e interação do indivíduo com o mundo e os demais, muitas das vezes é o que mais incomoda o paciente. De forma que é comum um aspecto subjetivo ser o real motivo de uma consulta médica, mas que abre caminho para a identificação de uma patologia orgânica, com sinais clínicos objetivos que praticamente não ganharam atenção por parte do paciente.

Explorando a experiência da doença

Mudança do papel social frente ao adoecer

Esses pontos podem variar em doenças agudas ou crônicas, se tornando mais evidentes e acentuadas nessas últimas, principalmente quando implicam em mudanças permanentes na vida do paciente, uso crônico de medicações ou limitações de atividades. Todos esses fatores desencadeiam um fluxo de ressignificação do indivíduo, onde suas percepções, emoções e até mesmo sua identidade podem sofrer mudanças adaptativas. Nesse sentido, é indispensável ao médico explorar as experiências da doença durante a consulta, algo que só é possibilitado por uma boa relação médico-paciente.

O médico deve estar atento para conseguir explorar essa experiência por meio de um diálogo empático e escuta atenta, evitando desvalorizar os pontos subjetivos da queixa clínica e permitindo que o paciente amplie e explique por si próprio os sentimentos que possui sobre a doença e seus sintomas.

Em certos casos, buscar diálogo com um parente ou acompanhante também pode ser uma oportunidade valiosa de compreender o que está ocorrendo e até mesmo auxiliar no processo de compreensão familiar das mudanças que o paciente está enfrentando ou vai enfrentar.

Conclusão

Abrir-se para entender a subjetividade do paciente e sua experiência com a doença é um caminho eficaz para fortalecer o vínculo entre o médico e o paciente, facilitando um diálogo transparente e melhor entendimento das situações de saúde. Algo que sem dúvidas vai propiciar a instituição de um plano terapêutico eficaz, focado na realidade prática do doente, fazendo sentido para que ele valorize a proposta clínica e fique disposto e motivado a seguir em frente com as recomendações médicas.

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Madeira L, Leal B, Filipe T, Rodrigues MF, Figueira ML. The Uncanny of the Illness Experience: Can Phenomenology Help? Psychopathology. 2019;52(5):275-282. DOI: 10.1159/000504141.
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