As fraturas de falanges são extremamente frequentes, sendo as da falange proximal mais comuns que da média ou distal. Há um debate sobre a melhor forma de abordagem cirúrgica dessas fraturas já que a redução aberta e fixação interna rígida permitiria maior mobilidade precoce e menor rigidez, entretanto, nesses casos há uma maior dissecção e agressão cirúrgica, o que pode levar a aderências.
Embora a fixação com fios de Kirschner seja amplamente utilizada, há baixa compressão e menos estabilidade, necessitando maior período de imobilização. Recentemente, o uso de parafusos de compressão intramedulares vem sendo realizado com maior frequência, principalmente para fraturas de metacarpos, fornecendo boa estabilidade e mínima agressão. Entretanto, evidências sobre o uso de tal técnica em fraturas de falange proximal são limitadas.
O estudo
Foi publicado nesse mês na revista Hand uma revisão sistemática com o objetivo de identificar e avaliar os resultados do uso de parafusos de compressão intramedulares em fraturas de falange proximal. Foi realizada uma busca em novembro de 2019 nas bases de dados Pubmed, Medline, Embase e Central e foram selecionados estudos na língua inglesa onde pelo menos uma medida de função pós-operatória foi avaliada.
Quatro estudos foram elegíveis para inclusão (82 fraturas com 77% desses tratados de forma anterógrada), com mais 3 estudos avaliando as falanges proximais e médias analisadas separadamente. O tempo médio de follow up foi de 70,5 semanas, variando de 20 a 216. O movimento ativo total foi maior que 240° em todos os estudos das falanges proximais e a média do DASH pós-operatório foi de 3,62.
As complicações observadas variaram de 3,6 a 6% dos casos sendo infecção, parafusos longos, traço intra-articular não reconhecido, desvio precoce necessitando revisão e consolidação viciosa.
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Na prática
Da mesma maneira que nas fraturas de metacarpo, o parafuso intramedular pode ser utilizado nas fraturas de falange com traços transversos principalmente. Os pacientes operados por essa técnica podem iniciar a reabilitação de maneira muito precoce pela estabilidade da fixação e pouca agressão às partes moles. Entretanto, ainda há uma parcela de cirurgiões que questiona uma difícil resolução em caso de complicações pelo fato do implante se encontrar intramedular.
Serão necessários ensaios clínicos randomizados avaliando desfechos funcionais e inclusive resolução de complicações a fim de definir se há superioridade de uma técnica sobre as outras.