Gerenciamento de PAV em neonatologia

A PAV é definida como infecção pulmonar com inicio 48 horas pós intubação endotraqueal e instituição de ventilação mecânica pulmonar invasiva.

No XVII Congresso Brasileiro de Medicina Intensiva Pediátrica, que ocorreu em Salvador (BA) de 18 a 20 de maio, a Enfermagem esteve presente com temas de extrema relevância na prática diária das Unidades de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP) e Neonatal (UTIN). Destaco a apresentação da enfermeira Sabrina dos Santos Pinheiro (Canoas/RS), atual presidente da Associação Brasileira de Enfermagem em Terapia Intensiva (ABENTI). A palestrante nos mostrou medidas de gerenciamento de pneumonia associada à ventilação (PAV) em neonatologia. 

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Gerenciamento de PAV em neonatologia

Gerenciamento de PAV em neonatologia

Definição e critérios diagnósticos 

A PAV é definida como uma infecção pulmonar que se inicia 48 horas depois da intubação endotraqueal e instituição de ventilação mecânica (VM) pulmonar invasiva. É uma complicação frequente e grave em prematuros em VM, sendo considerada a segunda doença infecciosa mais frequente em UTIN (a mais comum é a infecção de corrente sanguínea associada a um cateter venoso central). Quanto menor a idade gestacional da criança, menor será o peso ao nascer e maior será a incidência de PAV. Dessa forma, é possível que a função imunológica e a maturidade pulmonar possuam relação próxima com a PAV. 

O diagnóstico de PAV inclui os seguintes critérios – Quadro 1: 

Quadro 1: Critérios diagnósticos para PAV: 

  • Radiológicos: infiltrados novos ou progressivos, cavitação, consolidação ou pneumatoceles. 
  • Clínicos: piora das trocas gasosas E três dos seguintes critérios: 
  • Instabilidade térmica; 
  • Contagem de leucócitos <4.000/mm3 OU >15.000/mm3 
  • Aparecimento de escarro purulento OU aumento da secreção respiratória; 
  • Apneia OU taquipneia;  
  • Sibilância OU estertores OU roncos;  
  • Tosse; 
  • Frequência cardíaca <100 bpm OU >170 bpm.   
  • Laboratorial: cultura positiva de lavado alveolar com cateter cego protegido (>103 UFC/ml).  

Legenda: PAV – pneumonia associada à ventilação. 

Fonte: adaptado de Pinheiro, 2023. 

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Checklist 

De acordo com a enfermeira Sabrina Pinheiro, por se tratar de condição potencialmente prevenível, a incidência da PAV é um importante indicador de qualidade, já que permite mensurar a inconformidade entre a assistência prestada e o cuidado ideal que, em sua essência, deve ser seguro.  Ela mostrou uma lista de medidas para serem incluídas na rotina das UTIN em formato de checklist diário a ser realizado pela equipe da unidade (é importante lembrar que a família deve ser instruída a participar ativamente de todo o processo) – Quadro 2. 

Quadro 2: Checklist para prevenção de PAV em UTIN 

  Manter decúbito elevado 

  • 30 a 45º 

 

2  Adequar, diariamente, o nível de sedação e realizar teste de respiração espontânea 

 

3  Aspirar secreção subglótica diariamente 

 

4  Fazer a higiene oral do paciente com antissépticos 

 

5  Usar BNM de forma criteriosa 

 

6  Dar preferência ao uso de VNI 

 

7  Cuidados com o circuito do ventilador 

 

  • Trocas eletivas devem ser programadas; 
  • Rigorosa higiene das mãos antes e depois de qualquer manuseio deve ser realizada; 
  • A água condensada deve ser retirada a cada 2 horas e sempre antes de cada mobilização do paciente (notadamente antes do banho e de qualquer remoção para exames). 
8  Indicação e cuidado com os umidificadores 

 

9  Indicação e cuidado com o sistema de aspiração 

 

10  Evitar extubação não programada (acidental) e reintubação 

 

11  Monitorar a pressão de cuff 

 

12  Uso de sonda enteral 

  • Em posição gástrica ou pilórica 

Legenda: BNM – bloqueadores neuromusculares; PAV – pneumonia associada à ventilação; UTIN – Unidade de Terapia Intensiva Neonatal; VNI – ventilação não invasiva. 

Fonte: adaptado de Pinheiro, 2023. 

Para a higiene oral, o seguinte sistema de classificação etária e cuidados especiais deve ser adotado: 

  • Neonatal e 0 a 6 meses – sem dentição e COM aleitamento materno exclusivo (AME) – não há necessidade de higiene bucal, salvo orientação do cirurgião-dentista;
  • Neonatal e 0 a 6 meses – sem dentição e SEM aleitamento materno – limpeza com gaze estéril, água destilada estéril ou filtrada; 
  • 6 a 12 meses – limpeza com gaze estéril, água destilada estéril ou filtrada; 
  • 2 meses a 3 anos – limpeza com swab de espuma ou gaze estéril, água destilada estéril ou filtrada. A presença de molares decíduos deve ser avaliada para desorganizar biofilme de forma mais efetiva; 
  • 4 a 12 anos – limpeza com swab de espuma ou escova de dentes, água destilada estéril  ou filtrada; 
  • 12 a 14 anos – limpeza com swab de espuma ou escova de dentes, solução de clorexidina a 0,12% 1x dia, água destilada estéril ou filtrada;
  • 14 a 18 anos – limpeza com swab de espuma ou escova de dentes, solução de clorexidina a 0,12% 2x dia, água destilada estéril ou filtrada.

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE MEDICINA INTENSIVA. “Procedimento operacional padrão - Higiene Bucal em Pacientes Internados em Uti Neo/ Pediátrica”. 2021. Disponível em:  https://www.amib.org.br/wp-content/uploads/2022/06/POP_UTI_NEO-PED_AMIB_-_2021.pdf  Acesso em: 29/05/2023 
  • PINHEIRO, Sabrina dos Santos. “Gerenciamento de PAV em neonatologia”. XVII Congresso Brasileiro de Medicina Intensiva Pediátrica, Salvador (BA), 2023