Guideline sobre manejo de náuseas e vômitos na gravidez e hiperêmese gravídica

O Royal College of Obstetricians and Gynaecologists (RCOG) publicou seu guideline sobre o manejo de náuseas e vômitos da gravidez (NVG) e Hiperêmese Gravídica (HG). 

Náuseas e Vômitos da Gravidez (NVG) é uma condição que afeta até 90% das gestantes e é uma das indicações mais comuns de internação hospitalar entre gestantes, com estadias típicas entre três e quatro dias. A Hiperêmese Gravídica (HG) é uma forma grave de NVG, que afeta entre 0,3 e 3,6% das gestantes, interferindo na qualidade de vida e na capacidade de se alimentar normalmente.

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Guideline sobre manejo de náuseas e vômitos na gravidez e hiperêmese gravídica

Definições e diagnóstico

NVG é diagnosticada quando o início dos sintomas é anterior a 16 semanas de gestação e outras causas foram excluídas. HG pode ser diagnosticada quando os sintomas de náuseas e/ou vômitos começam no início da gravidez e são graves o suficiente para causar uma incapacidade de se alimentar normalmente e limitar as atividades diárias. Sinais de desidratação contribuem para o diagnóstico.

Um índice objetivo e validado de náuseas e vômitos, como as ferramentas Pregnancy-Unique Quantification of Emesis (PUQE) e HyperEmesis Level Prediction (HELP), pode ser usado para classificar a gravidade de NVG e HG.

Manejo e orientações gerais

  • Mulheres com NVG leve devem ser assistidas ambulatorialmente com antieméticos;
  • A internação deve ser considerada se houver pelo menos um dos seguintes: náuseas e vômitos contínuos e incapacidade de manter os antieméticos orais;
  • Náuseas e vômitos contínuos associados à desidratação clínica ou perda de peso (maior que 5% do peso corporal), apesar de antieméticos orais;
  • Comorbidade confirmada ou suspeita (como infecção do trato urinário e incapacidade de tolerar antibióticos orais);
  • Comorbidades como epilepsia, diabetes, HIV, hipoadrenalismo ou doença psiquiátrica, onde os sintomas e a incapacidade de tolerar a ingestão oral e a medicação podem apresentar complicações adicionais;
  • Quando for necessário internação, um exame de ultrassonografia deve ser agendado para confirmar a viabilidade e a idade gestacional, e para avaliar a gravidez múltipla ou doença trofoblástica. 

Terapias antieméticas recomendadas e dosagens

  • Primeira linha:
    • Doxilamina e piridoxina (vitamina B6);
    • Ciclizina;
    • Proclorperazina;
    • Prometazina;
  • Segunda linha:
    • Metoclopramida;
    • Domperidona;
  • Terceira linha (Hidrocortisona): Os corticosteroides devem ser reservados para os casos em que as terapias padrão falharam; quando iniciados, devem ser prescritos, associados a antieméticos eficazes.

Uma combinação de liberação retardada de doxilamina e piridoxina (vitamina B6) é o único tratamento licenciado de NVG no Reino Unido, portanto, pode ser usado como primeira linha para NVG leve-moderado que requer tratamento. Para mulheres com HG persistente ou grave, a via parenteral, transdérmica ou retal pode ser necessária e mais eficaz do que um regime oral.

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Terapias complementares

Alguns outros fármacos ou terapias, muitas vezes são necessários no tratamento de condições associadas ao quadro de NVG e HG. Algumas dessas considerações são:

  • Bloqueadores do receptor tipo 2 da histamina ou inibidores da bomba de prótons podem ser usados para mulheres que desenvolvem doença do refluxo gastroesofágico, esofagite ou gastrite;
  • A suplementação de tiamina deve ser administrada a todas as mulheres admitidas com vômitos ou ingestão dietética severamente reduzida, especialmente antes da administração de dextrose ou nutrição parenteral;
  • Mulheres admitidas com HG devem receber tromboprofilaxia com heparina de baixo peso molecular de acordo com estratificação de risco;
  • A hidratação intravenosa mais adequada é a solução salina normal (NaCl a 0,9%) com adição de cloreto de potássio, com administração guiada pela monitorização diária de eletrólitos;
  • Quando todas as outras terapias médicas falharam em controlar suficientemente os sintomas, a alimentação por sonda enteral ou o tratamento parenteral devem ser considerados.

Conclusões e mensagem final 

Os sintomas de náuseas e vômitos na gravidez são muito frequentes, especialmente no primeiro trimestre. São causas importante de internação, especialmente na sua forma grave conhecida como hiprêmese gravídica. Os profissionais de saúde que trabalham com assistência obstétrica, devem saber como reconhecer essas condições e estabelecer adequadamente o tratamento e seguimento dessas mulheres.

Esse guia foi estabelecido pelo Royal College of Obstetricians and Gynaecologists (RCOG), mas com muitas orientações factíveis de seguimento no Brasil.

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Nelson-Piercy C, Dean CShehmar MGadsby RO’Hara MHodson K, et al; the Royal College of Obstetricians and GynaecologistsThe Management of Nausea and Vomiting in Pregnancy and Hyperemesis Gravidarum (Green-top Guideline No. 69)BJOG202400130. DOI: 10.1111/1471-0528.17739