IDWeek 2023: antimicrobianos promissores em desenvolvimento

O IDWeek 2023 começou apresentando antimicrobianos promissores que estão em desenvolvimento para doenças infecciosas.

O segundo dia do IDWeek 2023, congresso promovido pela Infectious Diseases Society of America (IDSA), começou muito animado com a apresentação de novas opções terapêuticas para doenças que, muitas vezes, nos percebemos encurralados para tratar.

Gram-positivos resistentes

A primeira droga apresentada foi o ibezapolstat, um inibidor da enzima DNA polimerase IIIc, que tem espectro de atividade direcionado às bactérias Gram-positivas e tem se mostrado potencial primeira linha de tratamento para C. difficile, por sua efetividade e por preservar a flora bacteriana intestinal.

Além disso, oferece opção de tratamento para Staphylococcus, Streptococcus, Enterococcos, incluindo MRSA e VRE. Conta com opções oral e venosa e pode ser utilizado em infecções de pele e partes moles, pneumonia comunitária ou hospitalar (incluindo as associadas à ventilação mecânica), bacteremia (com ou sem endocardite associada), osteomielite, artrite e pé diabético.

MAT2203 – a anfotericina B oral

Até então, a anfotericina B estava disponível apenas através da administração intravenosa, mas essa nova formulação oral promete não só reduzir os custos com internação hospitalar, mas também menor efeitos colaterais (por ter uma tecnologia que permite absorção direta pelos tecidos lesionados) e, por isso, ser mais tolerada pelos pacientes.

Em estudo de fase 1, com 48 participantes saudáveis, os voluntários receberam doses únicas ascendentes de MAT2203 (200, 400 e 800 mg) e foram controlados por placebo. A medicação se mostrou segura em todas as doses e não foram observados eventos adversos graves ou toxicidade renal.

Em estudo de fase 2, para determinar eficácia, segurança e farmacocinética, que ainda está em andamento, foram selecionados 16 pacientes entre 18 a 75 anos com candidíase mucocutânea (esofágica, orofaríngea ou vulvovaginal) refratária ou intolerantes às terapias orais padrão. Todos os pacientes alcançaram melhora em pelo menos 50% dos sinais e sintomas clínicos, sendo a medicação bem tolerada nas doses de 400 e 800 mg por períodos prolongados (em alguns pacientes chegando a até três anos). Não foi observada toxicidade renal ou hepática.

Estudos de fase 3 estão sendo desenhados para avaliar a droga no tratamento de candidíase invasiva, aspergilose, prevenção de doença fúngica invasiva em pacientes em terapia imunossupressora e tratamento de criptococose.

Terapia com células T específicas

Pacientes submetidos ao transplante alogênico de células hematopoiéticas apresentam alto risco de reativação ou infecção por citomegalovírus (CMV), vírus Epstein-Barr (EBV), herpesvírus humano 6 (HHV6), adenovírus (ADV), vírus BK (VBK) e vírus JC (VJC). As terapias profiláticas atuais têm efeitos colaterais substanciais e podem levar ao desenvolvimento de resistência.

O posoleucel é uma medicação de células T específicas com ação contra ADV, VBK, CMV, EBV, HHV6 e VJC. Ele age controlando a replicação viral, tratando infecções que já estão ativas ou prevenindo a progressão de tais doenças.

Os estudos com essa nova droga foram desenhados inicialmente para pacientes submetidos ao transplante alogênico de células hematopoiéticas e agora estão incluindo também pacientes transplantados de órgãos sólidos, principalmente rins, que podem evoluir com cistite hemorrágica e nefropatia pelo VBK.

Leia também: Incorporação do medicamento pretomanida contra tuberculose ao SUS

Gram-negativos resistentes

Xeruborbactam é um potente inibidor de betalactamase que tem ação tanto em serina quanto metalobetalactamase, o que o torna único. Em estudos in vitro, se mostrou potente inibidor das carbapenemases classe D de A. baumannii, sendo minimamente afetado pelas bombas de efluxo de P. aeruginosa MDR, o que representou uma melhoria significativa em relação ao vaborbactam.

Várias combinações desse inibidor (com carbapenemas, cefalosporinas, penicilinas) tem sido estudadas, além da opção oral (ORAvance) que é a associação com ceftibuten.

Micobacteriose não tuberculosa e melioidose

Epetraborol está sendo desenvolvido como uma opção oral, dose única diária, para o tratamento de pacientes com micobacteriose pulmonar não tuberculosa (MNT) crônica e melioidose. A droga se mostrou eficaz no tratamento do complexo Mycobacterium avium, que é o responsável pela maior parte de MNT.

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