Impacto da vacinação contra o vírus HPV no risco de parto pré-termo (PPT)

Autores dinamarqueses publicaram recentemente um artigo sobre a influência da vacina do HPV sobre o parto pré-termo (PPT) espontâneo.

O parto pré-termo (PPT) é uma condição obstétrica que contribui com uma alta morbidade e mortalidade perinatal. Anualmente, 15 milhões de bebês nascem prematuros e 1,1 milhão desses bebês morrem como resultado da prematuridade. A taxa global de nascimentos prematuros é de aproximadamente 11%, com a Europa tendo a menor taxa de 8,7%.

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Embora certos fatores de risco para PPT tenham sido identificados, como pré-eclâmpsia, gravidez múltipla, certas infecções e diabetes, a etiologia do parto prematuro espontâneo não é bem compreendida. Algumas evidências recentes sugeriram um possível papel para o papiloma vírus humano (HPV), embora os dados até agora sejam conflitantes. Estudos in vitro demonstraram que vários tipos de HPV podem se replicar nos trofoblastos e um número crescente de estudos de coorte mostrou uma associação entre a detecção placentária ou cervical de HPV durante a gravidez e parto prematuro.

Se tal associação existir, a prevenção do HPV por meio da vacinação deve resultar na redução das taxas de parto prematuro entre as mulheres vacinadas.

Um grupo de autores dinamarqueses publicaram recentemente um artigo na revista British Journal of Obstetrics and Gynaecology sobre a influência da vacina do HPV sobre o parto pré-termo (PPT) espontâneo.

Impacto da vacinação contra o vírus HPV no risco de parto pré-termo (PPT)

Objetivo

O objetivo do presente trabalho foi investigar se a vacinação prévia contra o HPV reduz o risco de parto pré-termo na Dinamarca, usando dados de registros nacionais.

Métodos

A população para este estudo de coorte retrospectivo foi composta por todas as mulheres da Dinamarca (nascidas em 1961-2004) que no período de outubro de 2006 até 31 de dezembro de 2018 tiveram uma primeira gravidez resultando em um único parto em idade gestacional > 22 semanas.

A exposição de interesse foi a vacinação prévia contra o vírus HPV, que foi licenciada no país em 2006.

O desfecho primário foi a ocorrência de PPT espontâneo (antes de 37 semanas).

Resultados

Ao todo, foram registradas 326.334 mulheres com primeiro filho no período de outubro de 2006 ao final de 2018. Após excluir mulheres que não preenchiam os critérios de inclusão, 243.136 mulheres permaneceram na população do estudo.

Em modelos estatísticos ajustados por idade, houve uma diferença não significativa no risco de parto prematuro espontâneo entre mulheres vacinadas e não vacinadas (OR: 1,05 [IC 95%: 0,99-1,12] e 1,04 [95% CI: 0,98-1,10], respectivamente).

Não houve diferença no risco de parto prematuro espontâneo em relação ao tempo entre a vacinação e a gestação.

Entretanto, em comparação com as mulheres não vacinadas, as chances de parto prematuro foram menores entre as mulheres vacinadas antes dos 17 anos (OR: 0,87, IC 95%: 0,75-1,00). Essa associação não estava presente em mulheres vacinadas com mais de 17 anos de idade.

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Conclusões

Nesta grande coorte de base populacional, encontramos riscos reduzidos de parto prematuro espontâneo entre mulheres vacinadas contra o HPV em idade precoce em comparação com aquelas não vacinadas.

Parece concebível que a vacinação contra o HPV possa não apenas reduzir a incidência de câncer cervical e lesões precursoras graves, mas também o risco de parto prematuro relacionado à infecção pelo HPV.

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • McClymont E, Faber MT, Belmonte F, Kjaer SK. Spontaneous preterm birth risk among HPV vaccinated and unvaccinated women: a nationwide retrospective cohort study of over 240 000 singleton births. BJOG: Int J Obstet Gy. Accepted Author Manuscript. 2022. DOI: 10.1111/1471-0528.17349