Imunidade pré-existente ao SARS-CoV-2

Especula-se que uma imunidade cruzada entre outros coronavírus humanos (hCOV) possa garantir uma proteção temporária contra o SARS-CoV-2.

O estudo da resposta imunológica ao SARS-CoV-2 tem sido de grande importância na resposta à pandemia de Covid-19, tanto para o desenvolvimento de vacinas, quanto para uma melhor compreensão da epidemiologia da doença, a fim de esclarecer por que alguns indivíduos parecem não se contaminar ou ter quadros oligo/assintomáticos.

Especula-se que uma imunidade cruzada entre outros coronavírus humanos (hCOV) possa garantir uma proteção temporária contra o SARS-CoV-2. Em um estudo recente, cientistas pesquisaram a presença de anticorpos reagentes a este vírus no soro de pacientes com e sem histórico de Covid-19. O principal sítio de ligação destes anticorpos é a glicoproteína spike, com suas subunidades S1 e S2.

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Estudo sobre imunidade pré-existente ao SARS-CoV-2

Análise do soro de pacientes com e sem histórico de Covid-19

Foi estudado o soro de 156 pacientes convalescentes de Covid-19, dos quais 154 apresentaram IgM, IgG e IgA simultaneamente contra o vírus. Nos dois demais pacientes foi detectado apenas IgG. No entanto, anticorpos também foram detectados no soro de pacientes sem histórico de infecção pelo SARS-CoV-2, de amostras coletadas em um período anterior à pandemia. Nestes pacientes, tais anticorpos foram detectados em 5 de 34 indivíduos com infecção por outros hCOV e em 1 de 31 pacientes sem qualquer infecção por coronavírus. Já em um subgrupo de amostras de soro de crianças de 1-16 anos coletados entre 2011 e 2018, 21 de 48 pacientes tiveram detecção de anticorpos reagentes contra o SARS-CoV-2.

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Nos pacientes sem Covid-19, os anticorpos foram detectados em menores títulos e a principal classe detectada foi IgG. Além disso, os anticorpos eram principalmente contra a subunidade S2.

Conclusões

A presença de anticorpos reagentes ao SARS-CoV-2 em amostras  de soro coletadas previamente à pandemia reforça a hipótese da imunidade cruzada entre coronavírus como um dos mecanismos de proteção que podem estar presentes nos indivíduos. Além disso, essa detecção foi particularmente maior em crianças e adolescentes, o que justifica uma menor prevalência e gravidade da infecção nesta faixa etária.

Referências bibliográficas:

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