Infecções de prótese: qual a duração ideal da antibioticoterapia?

Revisão avaliou o impacto da duração de antibioticoterapia nos desfechos de infecção de prótese de acordo com a modalidade cirúrgica.

Infecções de prótese articular são complicações associadas a grande morbidade e que podem ser causa de longas hospitalizações e altos custos. O tratamento dessa condição é muitas vezes complexo, combinando antibioticoterapia de longa duração e cirurgia.

As opções cirúrgicas geralmente se enquadram em três modalidades: desbridamento com retenção de prótese (DAIR), troca de prótese (que pode ser em um ou dois estágios), ou ressecção permanente da prótese, com amputação. A escolha de qual modalidade é mais indicada depende de características do paciente, e do tempo e da gravidade da infecção.

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O tempo de antibioticoterapia ideal após cada modalidade ainda é incerto. Nos casos em que se opta por retenção de prótese, geralmente recomendam-se tempos mais prolongados de tratamento, que podem durar de três a seis meses. Contudo, alguns centros vêm utilizando tempos menores, com bons resultados.

Uma revisão sistemática procurou avaliar o impacto da duração de antibioticoterapia nos desfechos de infecção de prótese de acordo com a modalidade cirúrgica empregada.

Infecções de prótese: qual a duração ideal da antibioticoterapia?

Burning knee, painful knee and normal knee joint, abstract design. Human legs on a blue checkered background.

Materiais e métodos

O objetivo primário do estudo foi avaliar se ciclos curtos de antibióticos (≥ 4 e < 12 semanas de antibioticoterapia total) após a cirurgia estariam associados com um risco semelhante de falha terapêutica do que ciclos mais prolongados.

Foram considerados elegíveis para a revisão os estudos que incluíram indivíduos adultos com infecção de prótese articular tratados com antibióticos e cirurgia, desde que apresentassem claramente a duração da antibioticoterapia e o desfecho ao final do tratamento. Revisões e relatos de caso foram excluídos. Para o desfecho de falha terapêutica, os autores da revisão consideraram recorrência de infecção, falha microbiológica, falha clínica necessidade de retratamento e morte.

Resultados

Dos 3.740 artigos encontrados inicialmente, 10 foram incluídos na revisão após os processos de inclusão e exclusão, dos quais 6 eram estudos de coorte e 4 eram ensaios clínicos randomizados. Os estudos foram publicados entre os anos de 2007 e 2022, sendo 4 conduzidos nos Estados Unidos e os 6 demais, na Europa.

No total, foram analisados os dados correspondentes a 1.389 pacientes, contando com 748 cirurgias de quadril, 638 cirurgias em joelho, 2 em ombro e 1 em cotovelo. Em relação ao tempo de tratamento, 604 pacientes estavam no grupo de antibioticoterapia de curta duração e 759, no de longa duração. O procedimento cirúrgico mais comum foi troca de prótese em 2 estágios (780; 56,2%), seguida de DAIR (432; 31,1%), troca em 1 estágio (160; 11,5%) e procedimento de Girdlestone (17; 1,2%).

Os estudos de coorte foram considerados de risco baixo a moderado de viés, enquanto todos os ensaios clínicos randomizados foram considerados como tendo risco moderado. Nenhum desses apresentou cegamento.

Na meta-análise, a mediana de tempo de tratamento foi de 6 semanas para os que receberam ciclos curtos (variando de 4 a 8 semanas) e de 12 semanas para os ciclos longos (variando de 6 a 24 semanas). Encontrou-se um risco 11% menor de falha terapêutica no grupo que recebeu ciclo curto, porém sem significância estatística (OR = 0,89; IC 95% = 0,53 – 1,50). Quando os estudos em que a definição de ciclo longo era diferente de < 12 semanas foram excluídos, o resultado permaneceu (OR = 0,96; IC 95% = 0,46 – 2,02).

Quando a análise foi estratificada pelo tipo de procedimento cirúrgico, nenhuma diferença foi encontrada entre os grupos, embora houvesse uma tendência a menor risco de falha com tratamentos mais curtos nos casos de DAIR (OR = 0,76; IC 95% = 0,32 – 1,80) e com tratamento mais longo nos casos de troca de prótese (OR = 1,19; IC 95% = 0,62 – 2,31). Nenhuma diferença foi encontrada nas análises de outros subgrupos, a saber, local do estudo, desenho do estudo, e duração do seguimento.

Mensagens práticas sobre antibioticoterapia em infecções de prótese

Os resultados dessa revisão sistemática mostraram — de forma não significativa — um risco menor de falha terapêutica com cursos menores de antibioticoterapia, independente do procedimento cirúrgico empregado. Esses resultados são semelhantes aos de uma revisão anterior publicada em 2019.

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Olearo F, Zanichelli V, Exarchakou A, Both A, Uςkay I, Aepfelbacher M, Rohde H. The Impact of Antimicrobial Therapy Duration in the Treatment of Prosthetic Joint Infections Depending on Surgical Strategies: A Systematic Review and Meta-analysis. Open Forum Infect Dis. 2023 May 7;10(5):ofad246. doi: 10.1093/ofid/ofad246.

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