Iniciativa Unidade Básica Amiga da Amamentação (IUBAAM)

Neste artigo destacamos os dez passos que auxiliam a certificação da Unidade de Saúde como Amiga da Amamentação.

Com objetivo de melhorar a prevalência do aleitamento materno exclusivo, a Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro criou a Iniciativa Unidade Básica Amiga da Amamentação (IUBAAM), em 1999, que busca inserir a promoção, a proteção e o apoio ao aleitamento materno nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). Essa iniciativa propõe a implantação dos “Dez Passos para o Sucesso da Amamentação”, incentivando o aleitamento materno e construindo saberes aos profissionais de saúde e às gestantes/nutrizes.

Dez Passos para o Sucesso da Amamentação 

Mapa mental da autora Mariana Marins.

Nesse contexto, cabe destacar os dez passos que auxiliam a certificação da Unidade de Saúde como Amiga da Amamentação:

  • Possuir uma Norma, por escrito, que incentive o Aleitamento Materno

O primeiro passo para o sucesso da amamentação é a construção de uma Norma, que tem como objetivo guiar a equipe com relação aos passos para garantia da Unidade Amiga da Amamentação. Nesse sentido, a Norma é construída em equipe e com as palavras dos profissionais, garantindo a promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno. É importante que o documento esteja visível e divulgado a toda a equipe, sendo um guia no processo de trabalho ao considerar o incentivo do aleitamento materno.

  • Capacitar a equipe

Após a Construção da Norma, todos os profissionais que atuam na Unidade Básica de Saúde devem ser capacitados, garantindo que a unidade tenha a mesma fala com relação a valorização da amamentação. Ademais, todos devem estar aptos na orientação das gestantes, nutrizes e familiares.

  • Divulgar as vantagens do aleitamento materno

O terceiro passo é referente a divulgação das vantagens do aleitamento materno. É papel de todos os profissionais, já capacitados no segundo passo, orientarem as gestantes e nutrizes sobre as vantagens do aleitamento materno exclusivo até os seis meses de idade e complementar até os dois anos ou mais. As vantagens podem estar relacionadas à mãe e a criança. Sendo assim, cabe destacar que os benefícios para a criança são: 

  • Garantia de nutriente e imunidade;
  • Redução da mortalidade infantil;
  • Desenvolve a inteligência;
  • Diminuição dos índices de diarreia e infecções respiratórias;
  • Evita os riscos de doenças alérgicas;
  • Melhora a digestão e minimiza as cólicas
  • Estimula a musculatura oral e o fortalece a dentição;
  • Reduz as chances de obesidade infantil;
  • Aumenta o contato materno;

Com relação aos benefícios para a mãe, também é relevante ressaltar que:

  • Diminui a incidência de câncer de mama e colo uterino;
  • Auxilia o útero retornar ao tamanho original;
  • Acelera a perda de peso;
  • Reduz o sangramento pós parto;
  • Evita a osteoporose;
  • Protege contra doenças cardiovasculares.
  •  Saber escutar

Além de saber orientar as mulheres e familiares sobre as vantagens do aleitamento materno, é essencial garantir um bom tempo de fala aos usuários, ou seja, permitir que as mães e gestantes expressem suas preocupações, vivências e dúvidas sobre a prática de amamentar e se sintam apoiadas.

As mães são protagonistas na garantia do aleitamento materno. Apesar disso, a amamentação não é totalmente instintiva. É preciso lembrar que muitas mulheres tornam-se mães ainda jovens e não possuem uma rede familiar fortalecida, o que as deixa mais vulneráveis e propensas à dificuldades durante esse período. Sendo assim, não basta optar pelo aleitamento materno. É imprescindível que ela esteja inserida em um ambiente que a apoie na sua opção. Por isso, é fundamental a valorização dos fatores psicológicos e socioculturais e saber ouvir o que a mulher deseja falar, para que haja fortalecimento do vínculo com a Unidade de Saúde e consequentemente da sua autoconfiança.

  • Instruir sobre a Amamentação na Golden Hour e o Alojamento Conjunto

A primeira hora após o parto é chamada de Golden. Esse momento é considerado extremamente importante para o binômio mãe-bebê, pois aumenta o vínculo existente entre eles, por meio do contato pele a pele. Outro fato que ocorre é a redução de hipotermia, visto que o calor da mãe aquece o bebê, e a estabilização de suas taxas.

A garantia do contato pele a pele na Hora Dourada e o Alojamento Conjunto são dois recursos notáveis na relação e na construção do Aleitamento Materno. Dessa forma, são garantias que devem ser compartilhadas com as gestantes antes do parto.

  • Ensinar como amamentar, mesmo longe do filho

Muitas mães possuem dúvidas sobre como continuar amamentando os seus filhos no retorno ao trabalho e em outras situações em que estão longe do filho. No sexto passo para o sucesso da amamentação destaca-se a forma de massagem e ordenha da mama, para coleta e armazenamento do leite de forma segura.

Além da técnica de massagem e ordenha, o armazenamento deve ocorrer corretamente, assim como a oferta do leite, preferencialmente, no copinho. O armazenamento do leite materno, após extraído das mamas, pode ocorrer na geladeira por até 24 horas, ou no congelador por até 3 meses. Depois de descongelado pode ser armazenado na geladeira por até 12 horas.

  • Orientar sobre o Método da amenorreia lactacional (LAM) e outros métodos contraceptivos

Outra informação que deve ser compartilhada com a mãe é sobre os métodos contraceptivos compatíveis com o aleitamento materno, assim como o método de amenorreia lactacional, que é a ausência da menstruação, consequentemente, da contracepção que o aleitamento materno exclusivo proporciona. Para que seja um método efetivo é necessário que a mãe amamente seu filho exclusivamente no seio. Convém frisar que o LAM só é efetivo se ocorrer o aleitamento materno exclusivo, se a criança for menor de 6 meses e se houver amenorreia. 

Outros métodos contraceptivos podem ser utilizados durante o aleitamento materno, são eles os anticoncepcionais de progesterona e os métodos de barreira, como o preservativo.

  • Incentivar a amamentação em livre demanda

O oitavo passo do aleitamento materno é o incentivo ao aleitamento em livre demanda. Anteriormente acreditava-se que era preciso manter as mamadas com certa periodicidade, entretanto, hoje os estudos científicos demonstram que os horários fixados ou com duração limitada podem prejudicar as mulheres, causando ingurgitamento mamário, fissuras e outros traumas mamilares, decorrentes do esvaziamento inadequado das mamas

  • Desestimular o uso de bicos e fórmulas!

No Passo 9, recomenda-se alertar sobre os riscos do uso de bicos (mamadeira e chupeta) e fórmulas infantis. Essas informações devem ser divulgadas juntamente às vantagens do aleitamento materno, visto que caso não ocorra o aleitamento materno, as vantagens são perdidas. Nesse sentido, não é permitido propaganda e doações de mamadeiras, chupetas e fórmulas na Unidade de Saúde. 

  • Implementar grupos de apoio à amamentação

O espaço em grupo garante maior discussão de saberes e desenvolvimento do aprendizado, pois considera as vivências de cada participante. 

A Unidade Básica de Saúde (UBS) torna-se Amiga da Amamentação quando, após capacitada, segue os dez passos e garante o incentivo ao aleitamento materno. Como resultado, a equipe da UBS fortalece a rede de apoio da mulher durante o período da amamentação e aumenta sua autonomia.

Referências bibliográficas:

  • BRASIL. Ministério da Saúde. Dez passos para uma alimentação saudável: guia alimentar para crianças menores de dois anos. Brasília: Ministério da Saúde; Organização Pan-Americana de Saúde, 2002.
  • Alves, JDS, Oliveira, MICD & Rito, RVVF (2018). Orientações sobre amamentação na atenção básica de saúde e associação com o aleitamento materno exclusivo. Ciência & Saúde Coletiva23, 1077-1088.
  • Silva, DSSA, Oliveira M, Souza, ALTD, & da Silva, RM. (2018). Promoção do aleitamento materno: políticas públicas e atuação do enfermeiro. Cadernos UniFOA12(35), 135-140.
  • De Oliveira MIC, Gomes, MA. As unidades básicas amigas da amamentação: uma nova tática no apoio ao aleitamento materno. In: Rego, JD (org.) Aleitamento Materno. São Paulo: Edit. Atheneu, 2001. Pág. 343-366.
  • De Oliveira MIC, Camacho LAB. Impacto das unidades básicas de saúde na duração do aleitamento materno exclusivo. Revista Brasileira de Epidemiologia 2002; 5(1): 41-51.
  • Secretária de Estado de Saúde do Rio de Janeiro. Resolução SES nº 2.673 de 02 de março de 2005. Implanta a Iniciativa Unidade Básica Amiga da Amamentação no Estado do Rio de Janeiro e dá outras providências. Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro: Ano XXXI nº 047, Parte 1; 14 de março de 2005.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo

Selecione o motivo:
Errado
Incompleto
Desatualizado
Confuso
Outros

Sucesso!

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo.

Você avaliou esse artigo

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Baixe o Whitebook Tenha o melhor suporte
na sua tomada de decisão.