Intervenções contra a resistência antimicrobiana

A OMS propôs que países estabeleçam planos nacionais contra resistência antimicrobiana com agentes como a sociedade civil.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera a resistência antimicrobiana (RAM) um dos principais perigos da medicina moderna, estima-se que anualmente as infecções por organismos resistentes sejam responsáveis por mais de 5 milhões de mortes diretas e indiretas, e previsões e análises apontam que em 2050 esse número pode chegar a 10 milhões.  

No final de 2022, a OMS divulgou relatório com dados mostrando altos níveis de resistência (acima de 50%) em bactérias frequentemente presentes em casos de sepse em hospitais, o que torna necessária a utilização de antibióticos de último recurso, como carbapenêmicos. Ainda assim, 8% das infecções por Klebsiella pneumoniae se mostraram resistentes a carbapenêmicos. 

Outras informações presentes no relatório mostravam que mais de 60% das cepas isoladas de Neisseria gonorrhoeae tinham resistência a um dos antibacterianos orais mais utilizados, e 20% das cepas isoladas de E.coli eram resistentes tanto aos medicamentos de primeira linha quanto aos de segunda linha. 

“A resistência antimicrobiana enfraquece a medicina moderna e coloca milhões de vidas em risco. Para compreender verdadeiramente a extensão da ameaça global e montar uma resposta de saúde pública eficaz à RAM, devemos ampliar os testes microbiológicos e fornecer dados de qualidade assegurada em todos os países, não apenas nos mais ricos”, afirmou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom. 

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Intervenções contra a resistência antimicrobiana

Intervenções contra a resistência antimicrobiana

Abordagem centrada em pessoas 

Neste mês de outubro, a OMS divulgou um documento com os elementos de uma estratégia de combate a resistência antimicrobiana (RAM) com foco nas pessoas dentro dos sistemas de saúde. Tendo como fundação dois conceitos (governança efetiva e educação/conscientização). A abordagem proposta pela organização se apoia em quatro pilares: prevenção, acesso, diagnóstico rápido e tratamento adequado. 

Esta abordagem faz parte de um pacote de intervenções proposto pela OMS para que os países estabeleçam planos nacionais contra resistência antimicrobiana, ressaltando a importância de envolver outros agentes como a sociedade civil e organizações comunitárias. “Este pacote ajuda os legisladores a identificarem sinergias com programas mais amplos do setor da saúde, garantindo a eficiência e a sustentabilidade das ações sobre a RAM”, declarou Anand Balachandran, chefe de unidade na Divisão de RAM da OMS. 

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Pesquisa no Hospital das Clínicas 

Estratégias de tratamento e prevenção contra esse problema têm sido elaboradas por todo mundo, em setembro uma equipe de pesquisadores da Faculdade de Medicina da USP, publicou na revista Clinical Infectious Diseases, os achados de uma pesquisa realizada do pronto-socorro do Hospital das Clínicas (HC) da FMUSP. 

Os resultados apontaram que é possível reduzir a transmissão de enterobactérias resistentes aos carbapenêmicos através da identificação rápida dos pacientes infectados e o célere isolamento deles, contudo uma internação maior do que dois dias comprometeria as ações de contenção por aumentar o risco de colonização. 

 “A intervenção que usamos é pragmática e pode ser aplicada em outros locais. Sobre o resultado relacionado à internação na emergência por mais de dois dias comprometer os esforços de contenção, acreditamos que seja uma questão de estrutura do PS, que não é adaptada para ter pacientes de longo prazo. Ou seja, tem macas mais próximas, pontos de higiene de mãos mais distantes, entre outros”, explicou, em entrevista à Agência FAPESP, o médico infectologista e um dos autores do artigo Matias Chiarastelli Salomão. 

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