ITU em lactentes: cursos mais curtos de antibióticos intravenosos são eficazes

A infecção do trato urinário (ITU) é uma das doenças bacterianas mais frequentes em pediatria, principalmente em lactentes.

A infecção do trato urinário (ITU) é uma das doenças bacterianas mais frequentes em pediatria, principalmente em lactentes. Nessa faixa etária, geralmente as ITU apresentam sintomas inespecíficos que podem mimetizar outras doenças. O maior risco é a progressão para cicatriz renal. Para a prevenção dessa complicação é de suma importância que as ITU sejam diagnosticadas de forma precoce e tratadas adequadamente.  

As diretrizes internacionais recomendam a internação hospitalar para todos os lactentes com menos de 90 dias de vida para tratamento por meio de antibioticoterapia intravenosa (IV).

A diretriz da Academia Americana de Pediatria (AAP) exclui bebês com menos de dois meses de idade e a diretriz do National Institute for Health and Care Excellence (NICE) recomenda antibióticos IV iniciais para todos os lactentes menores de 90 dias de vida com ITU; no entanto, não indica a duração do tratamento venoso. Refletindo essa falta de consenso, a duração do antibiótico IV usado para o tratamento de ITU nesta faixa etária permanece uma dúvida.  

Com o intuito de determinar se cursos mais curtos de antibióticos IV (isto é, por períodos iguais ou inferiores a sete dias) são eficazes para o manejo de ITU em lactentes menores de três meses de idade, em janeiro deste ano foi publicada uma revisão sistemática com metanálise na revista Pediatrics 

ITU

Metodologia 

Esta é a primeira revisão sistemática com metanálise das evidências para o momento ideal de troca de antibiótico IV para oral para ITU em lactentes com menos de 90 dias de vida.  

Para tal revisão, foram usadas as seguintes fontes de dados: PubMed, Cochrane Library, Medline e Embase. Os estudos incluídos analisaram lactentes com idade ≤ 90 dias com ITU, com curta duração de antibióticos IV (≤ sete dias) e que apresentaram, pelo menos, um resultado do tratamento.  

Dezoito estudos com 16.615 bebês foram incluídos. As definições de ITU incluíram uma cultura de urina positiva em todos os estudos.  

Embora haja algum consenso sobre a abordagem do tratamento de ITU em crianças maiores, as diretrizes sobre o manejo de ITU em pacientes com menos de 90 dias de idade são escassas. 

Os autores de quatro revisões sistemáticas estudaram o momento da troca de antibiótico IV para oral em crianças com ITU, mas, infelizmente, nenhum deles realizou uma subanálise para lactentes com menos de 90 dias de vida. A falta de evidências reflete a grande variação na prática. 

Os dois maiores estudos sobre ITU bacteriana não encontraram diferença nas taxas de recorrência de 30 dias entre aqueles tratados com menos de sete dias de antibióticos IV versus mais de sete dias. Para a ITU não bacteriana, não houve diferença significativa na recorrência de 30 dias entre aqueles que receberam menos de três dias de antibióticos IV versus mais de três dias.  

Três estudos avaliaram lactentes com idade ≥30 dias e menor que três meses, que fizeram uso de antibioticoterapia oral isolada e relataram bons resultados, embora apenas 85 bebês tivessem ≤90 dias de idade. 

Preocupações sobre antibioticoterapia oral para ITU em lactentes com menos de três meses são: a biodisponibilidade potencialmente menor de antibióticos orais em lactentes jovens e o maior risco de complicações, como a pielonefrite.

Leia também: Infecção do trato urinário complicada: fisiopatologia, sintomas e diagnóstico

Conclusão

Esse estudo concluiu que cursos mais curtos de antibióticos IV de ≤ sete dias  para ITU bacteriana e ≤ três dias para ITU não bacteriana com mudança precoce para antibióticos orais devem ser considerados em lactentes com idade ≤ 90 dias, desde que meningite seja excluída e que não haja diagnóstico de sepse. Essa mudança precoce não causou recorrência de ITU.  

Esses achados têm implicações importantes para a prática clínica, porque cursos mais curtos de antibióticos IV com uma mudança precoce para terapia oral podem melhorar a qualidade de vida das crianças e suas famílias, reduzir o tempo de internação hospitalar, o risco de infecções hospitalares e os custos de saúde. Porém, mais estudos sobre o tratamento apenas com antibióticos orais são necessários nessa faixa etária. 

Referências bibliográficas:

  • Hikmat S; Jolie Lawrence J, Gwee A, et al. Short Intravenous Antibiotic Courses for Urinary Infections in Young Infants: A Systematic Review. Pediatrics (2022) 149 (2): e2021052466. DOI: https://doi.org/10.1542/peds.2021-052466 

 

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