Lesão de Lisfranc: fixar ou artrodesar?

A lesão de Lisfranc é um grande desafio para o cirurgião ortopédico. Veja mais sobre essa condição no Portal PEBMED.

A lesão de Lisfranc é um grande desafio para o cirurgião ortopédico. Atualmente, duas técnicas são reconhecidas para essas lesões: a redução aberta e fixação interna (RAFI) e a artrodese primária (AP). Tradicionalmente, a artrodese do mediopé era vista como um procedimento de salvamento para lesões de Lisfranc complicadas. Entretanto, estudos recentes não têm demonstrado diferenças significativas entre os resultados dos dois procedimentos. 

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lesão de Lisfranc

Estudo

Uma revisão sistemática foi publicada recentemente na revista “Bone and Joint Open” com o objetivo de concluir sobre qual seria o melhor tratamento para lesões de Lisfranc. Foram selecionados para a metanálise 12 estudos entre 2002 e 2020, sendo três ensaios clínicos randomizados, um ensaio clínico não randomizado e oito séries de casos retrospectivas resultando em um total de 392 pacientes tratados com RAFI e 249 com AP. Além disso, mais oito estudos de caso não comparativos foram selecionados para análise descritiva.

Quanto ao escore AOFAS (American Orthopaedic Foot and Ankle Society), oito estudos foram elegíveis para comparação consistindo em 252 tratados com RAFI e 183 tratados com AP. Foi encontrada diferença média significativa a favor da AP (-6,34 (95% CI -11,88 a -0,80)). Sete estudos avaliaram a comparação da escala visual analógica da dor e não encontraram diferenças significativas na metanálise (0,63 (95% CI -0,86 to 2,13)). Também não foram encontradas diferenças significativas na análise de qualidade de vida pelo Short-form 36 (SF-36) (-1,20 (95% CI -3,86 a 1,46)).

Pacientes que foram submetidos a RAFI tiveram um risco relativo de 1,53 (95% CI 1,15 a 2,03)  de retirada do material de síntese e 2,23 (95% CI 0,94 a 5,32) de revisão cirúrgica comparado com AP. Além disso, não houve diferença significativa nos resultados dos tratamentos de lesões de Lisfranc ligamentares ou ósseas.

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Conclusão

Uma grande limitação da metanálise é a heterogeneidade dos estudos, não permitindo fazer uma análise separada dos diferentes graus de lesão. Tendo isso em mente, é necessário olhar com cautela a conclusão de que, baseado no escore AOFAS, a artrodese primária é superior em relação à redução aberta e fixação interna. Um grande ensaio clínico randomizado é necessário para fortalecer ou refutar as evidências atuais.

Referências bibliográficas: 

  • van den Boom NAC, Stollenwerck GANL, Lodewijks L, Bransen J, Evers SMAA, Poeze M. Lisfranc injuries: fix or fuse? : a systematic review and meta-analysis of current literature presenting outcome after surgical treatment for Lisfranc injuries. Bone Jt Open. 2021 Oct;2(10):842-849. doi: 10.1302/2633-1462.210.BJO-2021-0127.R1. PMID: 34643414; PMCID: PMC8558450. 

 

 

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