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O prognóstico para pacientes adultos com leucemia linfoblástica aguda melhorou nas últimas décadas. Com o uso de regimes de quimioterapia intensiva, a taxa de remissão completa é de 85 a 90% e a taxa de sobrevida em longo prazo é de 30 a 50%.
Contudo, a maioria dos pacientes adultos com leucemia linfoblástica aguda de linhagem B apresenta recaída e evolui ao óbito devido a complicações de doença resistente ou tratamento associado. Entre os pacientes adultos com leucemia linfoblástica aguda recidivada ou refratária, a taxa de remissão é de 18 a 44% com o uso de quimioterapia de resgate padrão, mas a sua duração geralmente é curta.
Um ensaio clínico randomizado, multicêntrico, publicado no The New England Journal of Medicine, comparou o uso de blinatumomabe versus quimioterapia padrão no tratamento de pacientes adultos (idade ≥ 18 anos) com LLA de linhagem B cromossomo Ph(-) recidivada ou refratária.
Os pacientes foram incluídos no estudo entre janeiro de 2014 e setembro de 2015. Dos 405 pacientes que foram aleatoriamente designados para receber blinatumomabe (n=271) ou quimioterapia (n=134), 376 pacientes receberam pelo menos uma dose do medicamento em estudo.
A sobrevida global foi significativamente maior no grupo blinatumomabe do que no grupo quimioterapia. A mediana da sobrevida global foi de 7,7 meses (intervalo de confiança [IC] de 95%: 5,6-9,6) no grupo blinatumomabe versus 4,0 meses (IC 95%: 2,9-5,3) no grupo quimioterapia (hazard ratio [HR] para morte: 0,71; IC 95%: 0,55-0,93, p=0,01), com mediana de duração de seguimento de 11,7 e 11,8 meses, respectivamente.
Veja também: ‘L-asparaginase na leucemia: últimos acontecimentos’
As taxas de remissão dentro de 12 semanas após o tratamento foram significativamente maiores no grupo blinatumomabe do que no grupo quimioterapia, para remissão completa com recuperação hematológica completa (34% versus 16%; p<0,001) e para remissão completa com recuperação hematológica completa, parcial ou incompleta (44% versus 25%; p<0,001).
O tratamento com blinatumomabe resultou em maior taxa de sobrevida livre de eventos do que com quimioterapia (estimativa em 6 meses, 31% versus 12%, HR para um evento de recidiva após a remissão completa recuperação hematológica completa, parcial ou incompleta, ou morte: 0,55; IC 95%: 0,43 a 0,71; p<0,001), bem como uma mediana de duração mais longa da remissão (7,3 versus 4,6 meses).
Em relação ao perfil de segurança, eventos adversos de gravidade ≥ grau 3 foram reportados em 87% dos pacientes no grupo blinatumomabe e em 92% dos pacientes no grupo de quimioterapia.
Os resultados, portanto, indicam que blinatumomabe resultou em uma sobrevida global significativamente mais longa do que o tratamento quimioterápico padrão. O risco de morte foi 29% mais baixo e a mediana de duração de sobrevida foi 3,7 meses maior para os pacientes tratados com blinatumomabe do que aqueles que receberam tratamento quimioterápico.
Além disso, ressalta-se taxas significativamente maiores de remissão hematológica. Dessa forma, conclui-se que houve um benefício significativo na sobrevida ao tratar com blinatumomabe adultos com LLA de linhagem B cromossomo Ph(-).
*Esse artigo foi revisado pelo médico Eduardo Moura.
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Referências:
- Kantarjian H, Stein A, Gökbuget N, Fielding AK, Schuh AC, Ribera J-M, et al. Blinatumomab versus Chemotherapy for Advanced Acute Lymphoblastic Leukemia. N Engl J Med [Internet]. 2017;376(9):836–47. Available from: http://www.nejm.org/doi/10.1056/NEJMoa1609783