Mais de 25% dos pacientes com epilepsia no país são portadores em estágio grave

Exames complementares são importantes no auxilio da investigação da epilepsia, como o eletroencefalograma, a tomografia de crânio e outros..

A Secretaria de Atenção Especializada do Ministério da Saúde (SAES/MS) alertou que, no mínimo, 25% dos pacientes com epilepsia no país são portadores em estágio grave. A condição determina a necessidade do uso de medicamentos por toda a vida, pois os acessos são frequentes e incontroláveis, tanto que muitos desses pacientes são candidatos à cirurgia.  

Nos países desenvolvidos, a ocorrência da epilepsia cresce proporcionalmente com o aumento da idade. Nos países em desenvolvimento, por sua vez, geralmente atinge picos na adolescência e idade adulta. Em todo o mundo, a estimativa é de que a epilepsia ativa atinja em torno de 0,5% a 1% da população. 

Diversas são as condições que podem estar associadas à epilepsia. Entre as principais, estão lesões cerebrais, infecções, complicações peri-parto e desordens genéticas. Elas podem gerar crises epilépticas parciais ou totais, que na maioria dos casos desaparecem espontaneamente. Ainda assim, existe uma tendência para que essas se repitam periodicamente.  

Saiba mais: Qual o risco de epilepsia pós-AVC?

As crises epilépticas podem se manifestar de diferentes maneiras:  

Crise convulsiva

Nesse tipo de crise, a pessoa pode cair, apresentar contrações musculares em todo o corpo, mordedura da língua, salivação intensa, respiração ofegante e, às vezes, até urinar. 

Crise do tipo “ausência” ou desligamento 

A pessoa fica com o olhar fixo e perde contato com o meio por alguns segundos. Por ser de curtíssima duração, muitas vezes não é percebida por aqueles que estão próximos. 

Crise do tipo “alerta” 

Se manifesta como se a pessoa estivesse “alerta”, mas não tem controle dos atos, fazendo movimentos automaticamente. Durante esses movimentos automáticos involuntários, ela pode ficar mastigando, falando de modo incompreensível ou andando sem direção definida. Em geral, o paciente não se recorda do que aconteceu quando a crise terminou. 

Existem ainda outros tipos de crises que podem provocar quedas sem nenhum movimento, contrações físicas, causar alterações visuais, auditivas ou de memória. 

Diagnóstico e tratamento da epilepsia

 Para que seja caracterizada a epilepsia é necessário haver recorrência espontânea das crises com intervalo de, no mínimo, 24 horas entre elas. Um episódio único não é indicativo da síndrome. Ouvir a história do paciente e o relato das pessoas que presenciaram a crise ajuda a fechar o diagnóstico. 

Exames complementares são importantes para auxiliar na investigação, como o eletroencefalograma, a tomografia de crânio e a ressonância magnética do cérebro. O diagnóstico apropriado da epilepsia e do tipo de crise apresentado pelo paciente permite a escolha do tratamento adequado. 

“O diagnóstico exige uma história clínica extremamente bem colhida. Afinal, existem diversas outras doenças que podem ser confundidas com epilepsia, como síncope, crises não epilépticas psicogênicas (CNEP), distúrbios do sono, entre outros. O mais desafiador em algumas circunstâncias clínicas é que, apesar de uma boa coleta de história clínica e propedêutica adequada, ainda há a possibilidade de residir dúvida diagnóstica. No caso de diagnóstico de epilepsia fármaco-resistente há ainda certas particularidades. Nem toda epilepsia mal controlada é considerada epilepsia fármaco-resistente. Afinal, muitas vezes a falha no controle de crises reside em hábitos de vida inadequados do paciente (como má aderência farmacológica e privação de sono), em emprego de medicamento inadequado para o tipo de crise (como carbamazepina, que é ótimo para tratamento de crises focais, porém não é recomendada para crises de ausência) e dose inadequada da droga anti-epiléptica prescrita”, detalhou a médica neurologista Danielle Calil de Sousa, mestranda no programa de pós-graduação em Saúde do Adulto, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e que atua no Centro de Especialidades Médicas da Prefeitura de Belo Horizonte e no Hospital MaterDei Santo Agostinho, em entrevista ao Portal PebMed.  

Ela ainda ressaltou que os desafios no tratamento da epilepsia dependem tanto do paciente como também da abordagem médica. O paciente portador de epilepsia possui necessidade de aderir a medidas de hábitos de vida, como a aderência farmacológica do esquema anti-epiléptico prescrito (seguir corretamente os horários dos medicamentos), não consumir bebidas alcoólicas e manter uma boa rotina de sono.  

Leia também: Segurança de dietas no tratamento da epilepsia infantil resistente a fármacos.

“Em relação à abordagem médica, é necessário escolher um medicamento anti-epiléptico específico para a forma de epilepsia desse paciente, ajustar corretamente a dose dessas drogas e, em alguns casos específicos de epilepsias fármaco-resistentes, considerar a possibilidade de procedimentos invasivos”, completou Danielle Calil.  

O Sistema Único de Saúde (SUS) presta assistência através da Política Nacional de Atenção ao Portador de Doença Neurológica. Atualmente, a rede de atendimento ao portador de epilepsia é composta por hospitais habilitados no SUS, como a Unidade de Assistência ou Centro de Referência de Alta Complexidade em Neurologia/Neurocirurgia e o Serviço de Investigação e Cirurgia da Epilepsia. 

Este artigo foi revisado pela equipe médica do Portal PEBMED. 

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