Metilprednisolona em bebês submetidos a cirurgia cardíaca

Um estudo avaliou a metilprednisolona como profilaxia bebês submetidos a cirurgia cardíaca com circulação extracorpórea (CEC).

Embora os glicocorticoides profiláticos perioperatórios tenham sido usados por décadas, não se sabe se eles melhoram os desfechos em bebês submetidos a cirurgia cardíaca com circulação extracorpórea (CEC). Dessa forma, o uso de metilprednisolona como profilaxia nesses pacientes foi avaliado em um recente estudo publicado no periódico The New England Journal of Medicine.

cirurgia em bebê que fará metilprednisolona de profilaxia

Metilprednisolona como profilaxia

O Steroids to Reduce Systemic Inflammation after Infant Heart Surgery (STRESS) foi um estudo multicêntrico, prospectivo, duplo-cego, randomizado e controlado por placebo envolvendo lactentes com idade inferior a 1 ano e submetidos a cirurgia para correção de cardiopatia congênita. Vinte e quatro locais inclusos no banco de dados da Society of Thoracic Surgeons Congenital Heart Surgery participaram do estudo. Os dados do registro foram usados na avaliação dos desfechos.

A metilprednisolona foi escolhida em detrimento de outros glicocorticoides, como a dexametasona, por ser o mais amplamente utilizado para cirurgia de correção de cardiopatia congênita infantil (ensaios anteriores não mostraram nenhuma evidência para apoiar o uso preferencial de qualquer glicocorticoide em particular).

Leia também: Massagem pós-operatória pode reduzir a dor em bebês com cardiopatia congênita complexa

As crianças foram aleatoriamente designadas (1:1) para:

  • Receber metilprednisolona profilática – 30 mg/kg; ou
  • Placebo (administrado no fluido de preparação da bomba de CEC).
  • O desfecho primário foi um composto classificado da seguinte forma:
  • Óbito operatório (pior desfecho);
  • Transplante cardíaco durante a internação (segundo pior desfecho);
  • Diálise permanente, traqueostomia ou déficit neurológico na alta;
  • Suporte circulatório mecânico pós-operatório ou reoperação cardíaca não planejada (excluindo reoperação por sangramento);
  • Reoperação por sangramento, fechamento tardio não planejado do esterno ou cateterismo intervencionista cardíaco pós-operatório não planejado;
  • Parada cardíaca pós-operatória, falência multissistêmica de órgãos, insuficiência renal com diálise temporária ou suporte ventilatório mecânico pós-operatório por mais de sete dias;
  • Tempo de internação pós-operatória de 91 dias ou mais.

Os pacientes sem nenhuma dessas complicações pós-operatórias foram classificados como desfechos de acordo com o tempo de internação após a cirurgia (1 a 90 dias).

Os pacientes sem nenhum desses eventos receberam um resultado classificado com base no tempo de internação pós-operatório.

Resultados

Foram incluídos 1200 bebês randomizados para o grupo metilprednisolona (n = 599) ou placebo (n = 601). Cerca de 50% das crianças do estudo eram do sexo feminino, 16% eram negras e 12% hispânicas, com idade média de quatro meses no momento da cirurgia. Além disso, mais de 30% dos pacientes tinham menos de 30 dias de vida quando foram operadas.

A probabilidade de um desfecho pior não diferiu significativamente entre o grupo metilprednisolona e o placebo (odds ratio ajustado [aOR] 0,86; P=0,14). Análises secundárias (não ajustadas para fatores de risco) mostraram uma razão de chances para um resultado pior de 0,82 e uma taxa de sucesso de 1,15 no grupo metilprednisolona em comparação ao placebo, achados sugestivos de benefício com metilprednisolona. No entanto, os pacientes do grupo metilprednisolona eram mais propensos do que os do grupo placebo a receber insulina pós-operatória para hiperglicemia (19,0% versus 6,7%, P<0,001).

Em outra análise secundária, os pesquisadores descreveram que a ocorrência de sangramento que requer nova cirurgia foi significativamente menos comum com metilprednisolona (OR 0,34, P=0,016).

Mais da autora: Persistência do canal arterial: ibuprofeno precoce ou conduta expectante?

Conclusão

O estudo mostra que o uso profilático de metilprednisolona não reduziu a probabilidade de um desfecho pior (um composto classificado de óbito, transplante cardíaco, complicações maiores e tempo de internação) em uma análise ajustada e foi associado a um risco aumentado de hiperglicemia pós-operatória.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo

Selecione o motivo:
Errado
Incompleto
Desatualizado
Confuso
Outros

Sucesso!

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo.

Você avaliou esse artigo

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Baixe o Whitebook Tenha o melhor suporte
na sua tomada de decisão.
Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo