Ministério da Saúde confirma a vacinação de crianças de 5 a 11 anos de idade contra a Covid-19

Ontem, 05, o Ministério da Saúde confirmou a inserção de crianças de 5 a 11 anos de idade no plano de vacinação nacional contra a Covid-19.

Ontem, 05, o Ministério da Saúde (MS) confirmou a inserção de crianças de 5 a 11 anos de idade no plano de vacinação nacional contra a Covid-19. Essa faixa etária poderá receber duas doses da vacina Comirnaty (Pfizer/Wyeth), única liberada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

vacinação em crianças

Covid-19 e vacinação em crianças

Desde o início da pandemia, tem sido relatado que crianças e adolescentes apresentaram menor número e gravidade dos sintomas de infecção pelo vírus SARS-CoV-2 comparativamente aos adultos, sendo também menos propensos a evoluir com Covid-19 grave.

A ocorrência de doença grave foi relacionada com a idade em menores de 1 ano, e foi demonstrado que os recém-nascidos (RN) têm doença leve em comparação com crianças com idade superior a 28 dias. Os fatores de risco para Covid-19 grave em pediatria descritos na literatura são: crianças mais velhas e presença de comorbidades, como obesidade, diabetes mellitus tipo 2, asma, doenças cardíacas e pulmonares, doenças neurológicas/distúrbios do desenvolvimento neurológico e doenças neuromusculares.

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No Brasil, de acordo com dados do Instituto Brasileiro e Geografia e Estatística (IBGE), há cerca de 20 milhões de crianças de 5 a 11 anos de idade. Até o dia 06 de dezembro de 2021, no sistema “e-SUS Notifica” foram registrados 565.913 casos de Covid-19 e 286 óbitos pela doença nessa população, sendo o maior número de casos absolutos nas regiões Sul e Sudeste, e o maior número de óbitos nas regiões Nordeste e Sudeste.

Além disso, desde 24 de julho de 2020, notificam-se, de forma oficial, os casos de síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica (SIM-P) associada à Covid-19, amparada pelos critérios de definição de caso padronizados pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Na faixa etária de 5 a 11 anos, foram notificados 606 casos de SIM-P, equivalente a 42,9% dos casos totais. Ademais, foram registrados 35 óbitos, perfazendo uma letalidade de 5,8% nessa parcela da população. O maior número de notificações foi em agosto de 2020. A incidência acumulada dos casos de SIM-P no Brasil é de 2,31 casos a cada 100.000 habitantes em crianças e adolescentes até 19 anos. A maior incidência acumulada é no Distrito Federal, com 8,26 casos a cada 100.000 habitantes, seguido pelo estado de Alagoas, com 5,92 casos a cada 100.000 habitantes (0-19 anos).

De acordo com nota técnica emitida pelo MS, embora a apresentação clínica da Covid-19 seja mais branda em pacientes pediátricos quando comparada a populações de adultos e idosos, condições clínicas subjacentes podem contribuir para o risco de doença grave em comparação com crianças previamente hígidas. Além disso, as crianças e os adolescentes podem apresentar sintomas clínicos prolongados, conhecidos como “Covid-19 longa”, doença pós-Covid-19 ou sequelas pós-agudas da infecção pelo vírus SARS-CoV-2, sendo que a periodicidade e as peculiaridades dessas complicações ainda estão sendo analisadas.

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Recomendações da Anvisa

Conforme Resolução RE n. 4.678, de 16 de dezembro de 2021, publicada em mesma data, em edição extra do Diário Oficial da União, a Anvisa apresentou autorização para uso do imunizante Pfizer a crianças de 5 a 11 anos, cujas recomendações seguem abaixo:

1. Que a vacinação das crianças nessa faixa etária seja iniciada após treinamento completo das equipes de saúde que farão a aplicação da vacina, uma vez que a grande maioria dos eventos adversos pós-vacinação é decorrente da administração do produto errado à faixa etária, da dose inadequada e da preparação errônea do produto.
2. Que a vacinação de crianças seja realizada em ambiente específico e segregado da vacinação de adultos, em ambiente acolhedor e seguro para a população.
3. Quando da vacinação nas comunidades isoladas, por exemplo nas aldeias indígenas, sempre que possível, que a vacinação de crianças seja feita em dias separados, não coincidentes com a vacinação de adultos.
4. Que a sala em que se dará a aplicação de vacinas contra a COVID-19, em crianças de 5 a 11 anos, seja exclusiva para a aplicação dessa vacina, não sendo aproveitada para a aplicação de outras vacinas, ainda que pediátricas. Não havendo disponibilidade de infraestrutura para essa separação, que sejam adotadas todas as medidas para evitar erros de vacinação.
5. Que a vacina contra a Covid-19 não seja administrada de forma concomitante a outras vacinas do calendário infantil, por precaução, sendo recomendado um intervalo de 15 dias.
6. Que seja evitada a vacinação das crianças de 5 a 11 anos em postos de vacinação na modalidade drive thru.
7. Que as crianças sejam acolhidas e permaneçam no local em que a vacinação ocorrer por pelo menos 20 minutos após a aplicação, facilitando que sejam observadas durante esse breve período.
8. Que os profissionais de saúde, antes de aplicarem a vacina, informem ao responsável que acompanha a criança sobre os principais sintomas locais esperados (por exemplo, dor, inchaço, vermelhidão no local da injeção) e sistêmico (por exemplo, febre, fadiga, dor de cabeça, calafrios, mialgia, artralgia), além de outras reações após vacinação, como linfadenopatia axilar localizada no mesmo lado do braço vacinado (observada após vacinação com vacinas de mRNA Covid-19).
9. Que os pais ou responsáveis sejam orientados a procurar o médico se a criança apresentar dores repentinas no peito, falta de ar ou palpitações após a aplicação da vacina.
10. Que os profissionais de saúde, antes de aplicarem a vacina, mostrem ao responsável que acompanha a criança que se trata da vacina contra a Covid-19, frasco na cor laranja, cuja dose de 0,2mL, contendo 10 mcg da vacina contra a COVID-19, Comirnaty (Pfizer/Wyeth), específica para crianças entre 5 e 11 anos, bem como seja mostrado a seringa a ser utilizada (1 mL) e o volume a ser aplicado (0,2mL).
11. Que um plano de comunicação sobre essas diferenças de cor entre os produtos, incluindo a utilização de redes sociais e estratégias mais visuais que textuais, seja implementado.
12. Que seja considerada a possibilidade de avaliação da existência de frascos de outras vacinas semelhantes no mercado, que sejam administradas dentro do calendário vacinal infantil, e que possam gerar trocas ou erros de administração.
13. Que as crianças que completarem 12 anos entre a primeira e a segunda dose, permaneçam com a dose pediátrica da vacina Comirnaty.
14. Que os centros/postos de saúde e hospitais infantis estejam atentos e treinados para atender e captar eventuais reações adversas em crianças de 5 a 11 anos, após tomarem a vacina.
15. Que seja adotado um programa de monitoramento, capaz de captar os sinais de interesse da farmacovigilância.
16. Que sejam mantidos os estudos de efetividade das vacinas para a faixa etária de 5 a 11 anos.
17. Adoção de outras ações de proteção e segurança para a vacinação das crianças, a critério do Ministério da Saúde e dos demais gestores da saúde pública.

Referência bibliográfica:

  • Ministério da Saúde. Nota técnica Nº 2/2022 – SECOVID/GAB/SECOVID/MS.

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