Ministério da Saúde libera uso da cloroquina para casos leves de Covid-19

Foi divulgado um novo protocolo do Ministério da Saúde que libera o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina para casos leves de Covid-19.

Foi divulgado nesta quarta-feira, dia 20 de maio, um novo protocolo do Ministério da Saúde que libera o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina para casos leves de Covid-19 no Sistema Único de Saúde (SUS). Até então, o protocolo previa a utilização desses remédios apenas para os casos críticos.

O documento divulgado mantém a necessidade de o paciente autorizar o uso da medicação e de a equipe médica decidir sobre a aplicação ou não do remédio. A cloroquina não está disponível para a população em geral.

O Termo de Ciência e Consentimento, que deve ser assinado pelo paciente, ressalta que “não existe garantia de resultados positivos” e que “não há estudos demonstrando benefícios clínicos”.

O documento afirma ainda que o paciente deve saber que a cloroquina pode causar efeitos colaterais que podem levar à “disfunção grave de órgãos, ao prolongamento da internação, à incapacidade temporária ou permanente, e até ao óbito”.

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Novas orientações

As novas orientações incluem a utilização da cloroquina ou do sulfato de hidroxicloroquina associados à azitromicina por cinco dias em casos com sintomas leves e moderados. Após o 14º dia de sintomatologia devem ser prescritos medicamentos de acordo com os sintomas apresentados.

Para os casos moderados, deve-se avaliar a necessidade de internação e a presença de infecção bacteriana, além da utilização de anticoagulantes e corticoides.

Já para os casos críticos, a orientação é administrar o sulfato de hidroxicloroquina e a azitromicina, sem um período de tempo determinado. A equipe médica deve ainda considerar o uso de imunoglobulina humana, anticoagulante e pulso de corticoide.

No documento, diz que é absolutamente contraindicado a utilização da hidroxicloroquina em gestantes, pacientes com retinopatia/maculopatia secundária ao uso do fármaco já diagnosticado, hipersensibilidade ao fármaco, e miastenia grave.

Em crianças, deve-se dar sempre prioridade ao uso de hidroxicloroquina pelo risco de toxicidade da cloroquina. E a cloroquina deve ser administrada com precaução em portadores de doenças cardíacas, hepáticas ou renais, hematoporfiria e doenças mentais.

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O texto orienta ainda que a hidroxicloroquina não deve ser coadministrada com amiodarona e flecainida. Há ainda a constatação de interação moderada da hidroxicloroquina com digoxina, ivabradina e propafenona, etexilato de dabigatrana, edoxabana, e de interação leve com verapamil e ranolazina.

Já a cloroquina deve ser evitada em associação com clorpromazina, clindamicina, estreptomicina, gentamicina, heparina, indometacina, tiroxina, isoniazida e digitálicos.

O que dizem as associações médicas

Quatro órgãos representativos de especialidades médicas publicaram nesta semana manifestos contrários a utilização generalizada da hidroxicloroquina, no tratamento da Covid-19, antes da conclusão de estudos científicos complementares.

Um dos documentos foi assinado pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB), a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), reunindo 27 especialistas para analisar remédios e terapias aplicadas em pacientes com Covid-19. Segundo os órgãos, diversos procedimentos utilizados atualmente “carecem de apropriada avaliação de efetividade e de segurança”.

O documento redigido pela Sociedade Brasileira de Imunologia (SBI) destaca ainda que a escolha dessa terapia e a conotação que a Covid-19 é uma doença de fácil tratamento são perigosas, pois assumem um aspecto político inesperado, estando na contramão da experiência científica mundial.

Já o Conselho Federal de Medicina (CFM) não recomenda o uso da substância, mas autorizou a prescrição em situações específicas, inclusive em casos leves, a critério do médico e em decisão compartilhada com o paciente.

*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED

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