Miocardite e Esporte de Alto Rendimento

A miocardite é uma doença de caráter inflamatório que degenera e necrosa o miocárdio de forma não isquêmica. Pode causar morte súbita em atletas.

Tempo de leitura: [rt_reading_time] minutos.

Esta semana, os jornais noticiaram o caso do jogador profissional de futebol do clube Botafogo, Biro-Biro. Ele, que tem 24 anos, teve uma suspeita de parada cardiorrespiratória durante o treinamento. O susto passou quando, após a avaliação do cardiologista do clube, foi esclarecido que o jogador sofreu uma síncope vasovagal e, hoje, encontra-se internado em investigação diagnóstica. O jogador tem história clínica de miocardite, doença prevalente do coração e que inspira este artigo.

A miocardite é uma doença de caráter inflamatório que degenera e necrosa o miocárdio de forma não isquêmica. A doença é resultado de infecção viral (entre eles HIV, dengue), bacteriana, fungos, protozoários e, no Brasil, doença de Chagas. Além disso, também pode estar associada a abuso com álcool, drogas ou por manifestação autoimune.

Nesses casos, o que avaliar no atleta?

1 – A história e exame físico dos atletas, pode-se apresentar palpitação, precordialgia, dispneia, fadiga e síncope.
2 – O ECG pode evoluir com arritmias ventriculares, alteração do segmento ST e T e distúrbios de ritmo e condução.
3 – O ecocardiograma apresenta aumento ventricular esquerdo e pode haver hipertrofia secundária ao exercício.
4 – A RNM miocárdica pode trazer realce tardio e avaliação da zona de fibrose.

Saiba mais: Cardiomiopatia Hipertrófica: uma das principais causas de morte súbita em atletas

A morte súbita (MS) pode ocorrer na fase aguda, quando o atleta não cessa sua atividade. Na fase crônica, a MS é causada pela cicatriz miocárdica que pode deflagrar arritmias devido ao aumento do retorno venoso e ao estiramento das fibras pelo exercício.

Dessa forma, atletas com diagnóstico de miocardite devem parar suas atividades por um período médio de seis meses. Esse não é um consenso na literatura, porém, é o mais recomendado.

Quando liberar o atleta?

1 – Após as dimensões cardíacas ao ECO e RNM miocárdica voltarem ao normal;
2 –  As formas complexas de arritmias devem estar ausentes no ECG, Holter e TE (pode haver alterações isoladas no segmento ST, sem critério impeditivo);
3 – Os biomarcadores cardíacos e marcadores inflamatórios dentro dos padrões de normalidade;

Logo, até o momento, não há uma conclusão definitiva do caso. Mas, segundo as últimas notícias, o jogador tem passado de ablação. Além disso, o eventual caso de síncope que foi divulgado pode estar ligado à doença de base que acabamos de revisar neste artigo. 

 

Referências:

  • Atualização da Diretriz em Cardiologia do Esporte e do Exercício da Sociedade Brasileira de Cardiologia e da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e Esporte – 2019.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo

Selecione o motivo:
Errado
Incompleto
Desatualizado
Confuso
Outros

Sucesso!

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo.

Você avaliou esse artigo

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Baixe o Whitebook Tenha o melhor suporte
na sua tomada de decisão.